Brasil, 30 de julho de 2025
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Tarifas de Trump ameaçam empregos na indústria de vestuário na Ásia

Países como Camboja e Sri Lanka correm risco de perder grande parte de suas exportações para os EUA devido às tarifas impostas por Donald Trump

Com o prazo de implementação se aproximando, milhões de trabalhadores na indústria de vestuário do Camboja e Sri Lanka enfrentam a ameaça de perder seus empregos, após o vice-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifas de até 36% para produtos desses países, que dependem muito do mercado norte-americano.

Impacto das tarifas na indústria de vestuário na Ásia

No dia 9 de julho, após uma pausa de 90 dias para negociações, Trump notificou nações asiáticas, incluindo o Camboja e o Sri Lanka, sobre tarifas de importação que entram em vigor em 1° de agosto. Essas tarifas podem prejudicar setores que empregam mais de um milhão de pessoas na região, como explicou Yohan Lawrence, secretário-geral do Fórum Conjunto da Associação de Vestuário do Sri Lanka.

Segundo dados da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), o Camboja exportou mais de US$ 3 bilhões em roupas para os EUA em 2024, enquanto o Sri Lanka obteve US$ 1,9 bilhão no mesmo período. As tarifas podem subir para 30% no Sri Lanka e 36% no Camboja, ameaçando uma cadeia que depende profundamente das vendas para o mercado norte-americano.

Crise para trabalhadores e unidades produtivas

Na fábrica de Camboja, a costureira Nao Soklin expressa sua preocupação. “Você pode imaginar o que irá acontecer se perdermos nossos empregos?”, ela questiona. Soklin e o marido, Kok Taok, ganham cerca de US$ 570 (R$ 3.150) por mês costurando bolsas, valor que mal cobre o sustento da família, composta por quatro membros.

Os trabalhadores temem que as tarifas aumentem ainda mais o custo das exportações e agravem a crise social, marcada por altos índices de pobreza, as condições precárias de trabalho e a insegurança de manter seus empregos e seus vencimentos.

Negociações em andamento e previsões para o setor

Embora o Camboja e o Sri Lanka tenham tentado negociar melhores condições, o progresso é lento. O Sri Lanka conseguiu uma concessão de 14 pontos percentuais nas tarifas, considerada uma redução significativa, enquanto o Camboja obteve 13 pontos. Ambos continuam buscando acordos mais favoráveis, com o objetivo de evitar tarifas mais altas ou a suspensão total das exportações.

Harshana Suriyapperuma, ministro das Finanças do Sri Lanka, destacou a esperança de uma redução maior, enquanto Sun Chanthol, vice-primeiro-ministro cambojano, afirmou que “estamos fazendo o possível para proteger os interesses de nossos investidores e trabalhadores”.

Reações de empresas e análises econômicas

Grandes marcas americanas, como Nike, Levi’s e Lululemon, são grandes compradores de roupas desses países. A imposição de tarifas por Trump é vista por analistas como uma medida que ignora os benefícios de acordos comerciais existentes, que proporcionaram empregos e preços mais baixos para o mercado norte-americano. Mark Anner, professor da Universidade Rutgers, alertou que as tarifas contrariam o caminho de desenvolvimento estabelecido para essas nações.

A crise atual também é agravada por problemas internos no Camboja e Sri Lanka, como a pobreza, desigualdade e crise econômica, que dificultam a adaptação às mudanças nas políticas comerciais dos EUA. Especialistas afirmam que é pouco provável que pequenas economias de desenvolvimento continuem a manter um déficit comercial elevado com o país de Donald Trump, diante das limitações na capacidade de compra de aviões ou outros bens.

O papel das mulheres na indústria de vestuário e os efeitos das tarifas

As tarifas americanas afetam principalmente as mulheres, que representam aproximadamente 70% dos trabalhadores no setor na Ásia. Com salários baixos e condições precárias, elas podem sofrer queda de renda, aumento da pobreza e risco de desemprego.

Surangi Sandya, trabalhadora no Sri Lanka, tem receio de que a redução de pedidos leve ao fechamento de fábricas. “Nossa sobrevivência depende da fábrica de roupas. Não iremos sobreviver se ela fechar”, ela afirma. No Camboja, trabalhadores como An Sopheak já consideram migrar ilegalmente para a Tailândia em busca de emprego.

Assim, a imposição das tarifas, além de prejudicar as economias em desenvolvimento, coloca um peso ainda maior sobre os ombros das mulheres que atuam na linha de frente da setor de vestuário, ameaçando suas famílias e sua subsistência.

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