O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta quarta-feira (30) que a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo de Donald Trump não deve prejudicar os investimentos diretos de empresas estadunidenses no Brasil. Segundo ele, as companhias pensam em horizonte de longo prazo, não em questões conjunturais.
Investimentos americanos permanecem robustos
De acordo com o portal InvestVis, que compila dados sobre investimentos estrangeiros diretos no Brasil, os Estados Unidos lideram esse ranking, com investimentos de US$ 12,25 bilhões entre janeiro de 2024 e junho de 2025, representando 23,46% do total. Os Países Baixos aparecem em segundo lugar, com US$ 7,92 bilhões.
Segundo Ceron, as empresas estrangeiras avaliam 10 a 15 anos, considerando questões estruturais, o que reforça sua visão de estabilidade na relação Brasil-Estados Unidos. “O Brasil tem proximidade secular com os Estados Unidos. Acredito que isso vai se manter”, afirmou em entrevista coletiva sobre o resultado das contas públicas de junho.
Plano de contingência e impacto da tarifa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta semana um plano de contingência preparado para ajudar setores brasileiros afetados pela tarifa, que deve entrar em vigor na próxima semana. Ceron afirmou que o governo não precisará rediscutir o plano, pois os principais produtos exportados do Brasil para os EUA, como aviação civil, minérios, alguns alimentos e energia, estão isentos da tarifa.
“O desenho macro do plano está pronto. Podemos até rever valores, mas não acredito que precisemos refazer o plano”, declarou o secretário, admitindo que os impactos ainda precisam ser analisados detalhadamente com base na ordem executiva de Donald Trump.
Experiência com enchentes no Rio Grande do Sul ajuda na elaboração do plano
Segundo Ceron, a experiência do governo com as enchentes no Rio Grande do Sul no ano passado foi fundamental para a estruturação do atual plano de contingência. “Sabemos enfrentar problemas com racionalidade, técnica e na medida certa para minimizar efeitos econômicos”, afirmou, embora ressaltando que os eventos são distintos.
O secretário garantiu que o governo está atento aos efeitos da tarifa e reforçou que, enquanto o cenário não for resolvido, existirão instrumentos para manter a estabilidade econômica do país.
Mais detalhes do plano de contingência devem ser divulgados em breve, com o objetivo de mitigar os impactos da medida do governo estadunidense.