A trágica história de Ana Eliza, uma recém-nascida de apenas 18 dias que faleceu aguardando cirurgia no coração, revela as falhas alarmantes no sistema de saúde do Tocantins. A situação, que envolve outras famílias em circunstâncias semelhantes, levanta um clamor urgentíssimo por reformas e maior investimento em atendimento pediátrico no estado.
O caso de Ana Eliza e a espera desesperadora
A história de Ana Eliza é um lembrete doloroso das dificuldades enfrentadas por muitas famílias que dependem do sistema público de saúde. Diagnóstica com um problema cardíaco, a bebê foi levada para o Hospital Municipal de Araguaína, único estabelecimento público no Tocantins capaz de realizar a cirurgia necessária. Infelizmente, mesmo com a urgência do caso, a família enfrentou uma espera angustiante de oito dias antes que o procedimento fosse marcado e, tragicamente, a bebê não resistiu ao tempo sem os cuidados médicos que precisava.
Geovanna Cândida de Souza, mãe de Ana Eliza, tem dificuldade em expressar sua dor. Durante uma entrevista à TV Anhanguera, ela compartilhou: “Desde que soube que estava grávida da Ana Eliza, foi um sonho se tornando pesadelo,” enquanto lembrava da angústia em não poder salvar sua filha.
Consequências e reações das autoridades
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) fez uma declaração, alegando que a cirurgia de Ana Eliza foi adiada por razões clínicas. Em resposta à pressão pública, o Ministério Público do Tocantins iniciou uma investigação sobre diversas mortes consideradas evitáveis, incluindo a de Ana Eliza.
Além disso, o defensor público, Artur Pádua, mencionou que muitos casos de falecimento estão ocorrendo devido à morosidade do sistema legal que impede que as ações da Defensoria Pública se transformem em atendimento imediato. “Muitas dessas crianças vêm a óbito antes que possamos conseguir atendimento”, lamentou.
Familiares relatam desespero por atendimentos urgentes
A situação se torna ainda mais preocupante com relatos de outras famílias enfrentando experiências semelhantes. Evely Iasmim, grávida de gêmeas, aguardava transferência de um hospital em Palmas para um hospital em Araguaína, onde suas filhas precisariam de cirurgias urgentes após o parto. Ela enfrentava a possibilidade de perder suas filhas, uma delas necessitando de uma cirurgia cardíaca e a outra com um problema na coluna. “Não é fácil ver o pior se aproximando e não ter o que fazer”, desabafou Evely.
A avó das gêmeas expressou a angústia da família: “O médico já disse que, se nascerem aqui, principalmente a do coração, elas correm risco de vida. A cirurgia é arriscada, mas precisamos tentar.” Esta expectativa angustiante reflete a incerteza e a desesperança que muitas famílias sentem em momentos críticos.
Sistema de saúde sob pressão contínua
Segundo a SES, a transferência de Evely foi adiada para avaliar melhor as condições clínicas dela e das bebês antes do deslocamento. A falta de leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a sobrecarga nos hospitais públicos se tornaram questões recorrentes. A Defensoria Pública começou a investigar a morte de Ana Eliza e de outros pacientes em situações semelhantes.
O defensor público Pádua também destacou a necessidade de uma iniciativa mais enérgica e rápida para tratar anomalias no sistema de saúde, enfatizando que há mortes evitáveis devido a falta de leitos de UTI e que o Hospital Geral de Palmas está constantemente lotado.
A urgência da reforma na saúde pública no Tocantins
O Ministério Público do Tocantins está agora avaliando os relatos e investigando a atuação do sistema de saúde. Uma resposta rápida e eficaz a essas questões é fundamental para assegurar que tragédias semelhantes não ocorram novamente. Espera-se que a Comissão de Saúde e os órgãos responsáveis do governo se mobilizem para promover mudanças concretas que possam melhorar a situação crítica no atendimento pediátrico do estado.
A situação atual não só exige uma análise das falhas no sistema, mas também provoca uma reflexão sobre o que pode ser feito para garantir que crianças como Ana Eliza e outros recém-nascidos não enfrentem o mesmo destino trágico. As famílias demandam mudanças que possam garantir atendimento emergencial e de qualidade, resgatando a esperança na saúde pública do Brasil.