Um grave incidente na Zona Oeste de São Paulo levantou preocupações sobre a conduta policial. A Ouvidoria da Polícia Militar anunciou que irá investigar a agressão de pelo menos três policiais a João Matheus dos Santos Silva, um motoboy de 26 anos. O episódio ocorreu durante uma vistoria de trânsito no bairro Raposo Tavares.
Versões em conflito
No momento da abordagem, os PMs alegaram que o jovem teria agredido uma policial, versão que João nega. Testemunhas capturaram em vídeo o momento em que os policiais avançaram contra João, que estava em casa no momento da ação. A situação também ficou tensa quando a namorada dele tentou intervir, sendo também alvo dos policiais.
Segundo João, a confusão começou quando sua namorada, que não possuía habilitação e capacete, foi parada pela polícia enquanto se dirigia a uma festa nas proximidades. Ele relatou que ao chegar ao local da abordagem, pediu aos policiais que realizassem seu trabalho e prendessem a moto, mas a conversa logo se transformou em uma discussão verbal.
“Disse ao policial que fizesse o serviço dele. Aí ele se exaltou, eu também, e começamos a discutir. A policial Yasmin interveio e tentou colocar a mão no meu peito. Eu simplesmente afastei a mão dela suavemente. Entrei em casa para pegar meus documentos e, ao voltar, soube que a situação havia escalado”, explicou João.
Reações e desdobramentos
A versão dos policiais, no entanto, é diferente. Em um boletim de ocorrência, eles relataram que João chegou ao local xingando-os e insinuando que agrediria um dos agentes. A policial Yasmin afirmou que ele tentou socá-la e a atingiu de leve no ombro.
Contudo, a namorada de João, que foi testemunha do incidente, contradisse essa versão, alegando que o depoimento dela foi distorcido. Na quarta-feira (30), ela procurou a Ouvidoria da Polícia para denunciar a adulteração. “Eu só quero que ele possa voltar a trabalhar e se sentir seguro em sua cidade”, desabafou.
Agressões e intervenção policial na festa
O incidente não se limitou à abordagem. Moradores relataram que, após a agressão na garagem, os policiais seguiram para a festa da qual a namorada de João ia participar e dispersaram os presentes de forma truculenta. Imagens de câmeras de segurança mostram a intervenção violenta, que incluiu o uso de gás lacrimogêneo e a detenção de um jovem, que foi liberado logo em seguida.
O que dizem as autoridades
Em resposta ao tumulto, os policiais alegaram que o jovem estava incitando os outros a agredir os agentes. A Corregedoria da PM destacou que não tolera excessos e também iniciará uma investigação sobre o comportamento dos policiais envolvidos. Além disso, a Polícia Civil se comprometeu a averiguar a denúncia de adulteração de depoimento, ouvindo todas as partes para um esclarecimento mais completo dos fatos.
Um clamor por justiça
João se expressou de forma clara em sua busca por justiça: “Meu desejo é apenas voltar à rotina normal, cuidar de minha família e me sentir seguro, respeitado e acolhido pela polícia”. O caso levanta questões importantes sobre a conduta das autoridades e a necessidade de uma apuração rigorosa das ações policiais.
A sociedade aguarda respostas e melhorias nas práticas policiais, enquanto a Ouvidoria da Polícia Militar se compromete com a transparência e a justiça nos procedimentos que envolvem a corporação.