Brasil, 30 de julho de 2025
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O ChatGPT está nos deixando estúpidos? O impacto da IA na inteligência humana

Com o avanço da IA generativa, surge a questão: ela nos torna mais inteligentes ou mais dependentes e complacentes?

Durante anos, debates têm discutido se a tecnologia, especialmente mecanismos de busca como o ChatGPT, pode estar afetando a capacidade de raciocínio e o aprofundamento do conhecimento dos usuários. Em 2008, a revista The Atlantic gerou polêmica ao questionar: “O Google está nos deixando estúpidos?”. Hoje, com o surgimento de ferramentas de inteligência artificial generativa, a discussão ganhou novas dimensões.

Reflexões sobre o impacto da IA na capacidade cognitiva

Naquele ensaio de 4.000 palavras, posteriormente expandido em um livro, o autor Nicholas Carr sugeriu que a facilidade de acesso à informação pode estar enfraquecendo a habilidade de pensar profundamente. Ele argumentava que a tecnologia prejudicava a retenção de conhecimento e o pensamento crítico. Embora haja alguma verdade nisso, os mecanismos de busca ainda exigem que o usuário interprete, avalie e contextualize os resultados.

Hoje, essa preocupação se intensifica com a chegada de ferramentas de IA que não apenas recuperam dados, mas também podem criá-los, resumir e analisar. Como explica Carr, o uso de IA pode estar levando a uma terceirização do pensamento.

A edição de julho/agosto de 2008 da The Atlantic — Foto: Reprodução

No centro dessa discussão está a ideia de que buscar informações na internet tornou-se uma atividade que exige menos esforço cognitivo. Ainda assim, o uso crítico dos mecanismos de busca permite uma análise mais aprofundada, mas a nova geração de IA coloca essa habilidade em risco.

Ferramentas de IA generativa e o terceirizar do pensamento

Ferramentas como o ChatGPT representam uma mudança de paradigma, pois não apenas recuperam informações, mas também geram conteúdo, interpretam e ressumem textos complexos. Segundo Carr, essa tecnologia pode estar se tornando a primeira capaz de substituir o pensamento e a criatividade humanos, elevando uma questão importante: estamos, de fato, tornando-nos mais estúpidos?

Ao mesmo tempo, emerge uma preocupação maior: a dependência excessiva dessas ferramentas pode diminuir a capacidade de pensar criticamente, resolver problemas complexos e aprofundar a compreensão do mundo.

Por que isso importa? Porque o consumo passivo de conteúdo gerado por IA pode inibir a curiosidade intelectual e diminuir a atenção, criando uma dependência que prejudica o desenvolvimento cognitivo de longo prazo. Essa dinâmica remete ao efeito Dunning-Kruger, no qual pessoas com menos conhecimento tendem a ser excessivamente confiantes, enquanto as mais competentes reconhecem suas próprias limitações.

O equilíbrio na utilização da IA

Segundo Carr, a questão não é o uso da IA em si, mas a forma como ela é empregada. Usada de maneira crítica e como uma ferramenta de suporte, ela pode estimular a curiosidade, gerar novas ideias e fomentar o diálogo intelectual. Quando a IA é vista como substituta do pensamento, ela pode contribuir para o declínio cognitivo.

Na prática, essa diferença se reflete em duas abordagens: uma que depende passivamente da IA, inflando artificialmente a percepção de inteligência, e outra que a utiliza para ampliar habilidades cognitivas, investigando, confrontando fontes e explorando pontos de vista diversos.

Ilustração da jornada do excesso de confiança na IA (o Pico do Monte Estúpido) até a desilusão

Perspectivas futuras e o futuro do trabalho

Seja para o bem ou para o mal, a adoção massiva da IA, impulsionada pelo sucesso do ChatGPT, coloca os usuários diante de uma encruzilhada: esperar uma diminuição do raciocínio crítico ou buscar uma integração inteligente entre humanos e máquinas. A tendência aponta para uma colaboração, onde a IA amplifica a capacidade humana, em vez de substituí-la.

Para Carr, o verdadeiro desafio está em como usaremos o ChatGPT: como uma ferramenta que potencializa a inteligência ou como uma muleta que a enfraquece. Ele conclui que o futuro do trabalho e do pensamento depende, sobretudo, do uso que fazemos dessa tecnologia.

*Aaron French é professor assistente de Sistemas de Informação na Kennesaw State University, nos Estados Unidos.

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