Após o anúncio do governo dos Estados Unidos impondo tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e a aplicação das sanções da Lei Magnitsky ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, governadores aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro têm se mantido em silêncio nas redes sociais. Essa ausência de posicionamento provoca questionamentos entre seus apoiadores e evidência um momento delicado nas relações entre Brasil e Estados Unidos.
Silêncio nas redes sociais
Nesta quarta-feira, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), compartilhou um vídeo sobre a reabertura de leitos hospitalares no estado. Porém, enquanto isso, comentários de seguidores bolsonaristas começaram a surgir, perguntando por que ele não se manifestava acerca dos recentes acontecimentos envolvendo Moraes. “Até quando vai ficar em silêncio sobre esse dia histórico (Moraes e Magnitsky)?”, indagou uma seguidora.
Esse questionamento é um reflexo do ambiente político tenso, já que muitos de seus apoiadores expressam a expectativa de que os lideres do movimento conservador se posicionem firmemente contra as sanções aplicadas pelos Estados Unidos. Outro seguidor comentou: “Nem uma palavra, Governador? A maior democracia do mundo puniu um membro do nosso STF por desrespeito aos Direitos Humanos, e o Sr não fala NADA?
Pressão sobre os governadores
O comentarista bolsonarista Rodrigo Constantino também atravessou a discussão nas redes sociais, cobrando uma resposta não só de Tarcísio, mas também dos governadores de Minas Gerais e Goiás, Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado. “NENHUM comentário sobre a Magnitsky contra Moraes! Estão em Nárnia?” publicou Constantino, criticando a falta de posicionamento diante do que ele considera um ataque direto à soberania do Brasil.
Os governadores, que são vistos como potenciais candidatos à presidência nas eleições de 2026, parecem ter medo de desagradar a base bolsonarista, mas com o silêncio, arriscam perder apoio de outros grupos que esperam uma postura mais corajosa em defesa do Poder Judiciário.
Reações e críticas nas redes sociais
Em suas redes sociais, Caiado publicou sobre a redução nos índices de criminalidade em Goiás e Zema fez menções sobre o “prejuízo causado pelo governo federal via tarifaço”, mas nenhum dos dois comentou diretamente a questão das tarifas de Trump ou as sanções contra Moraes. O governador do Paraná, Ratinho Júnior, também se manteve em silêncio sobre os eventos recentes. Essa atitude, segundo críticos, pode indicar uma estratégia de evitar conflitos com o governo federal ou se distanciar de polêmicas que possam afetar sua imagem.
A crítica não foi apenas nas redes sociais. O pastor Silas Malafaia, próximo do ex-presidente, expressou em um vídeo sua indignação com a falta de posicionamento de governadores como Tarcísio, Zema e Caiado. “Eles não falam nada contra Moraes e o STF que tem apoiado o presidente Lula”, afirmou Malafaia. Este gargalo político mostra como a polarização e as relações interpessoais impactam as decisões políticas em um momento crucial para muitos líderes da direita.
Por outro lado, ele fez um reparo ao falar sobre Zema, reconhecendo que o governador de Minas já havia criticado Moraes em outras ocasiões, o que provoca uma segunda reflexão sobre os riscos de os governadores estarem em um estado de vigilância constante, a fim de não perder a armadura da base conservadora enquanto também tentam manter diálogos dentro de um espectro eleitoral mais amplo.
Desdobramentos futuros
O silêncio de figuras proeminentes da direita pode não apenas afetar a imagem pessoal dos governadores, mas também repercutir nas estratégias políticas que estarão em jogo nas próximas eleições. A falta de um posicionamento claro em assuntos que geram divisões pode contribuir para uma percepção de fraqueza ou falta de clareza por parte desses líderes. É fundamental que a classe política avalie suas posturas em relação a eventos que podem impactar diretamente a soberania e a diplomacia do país.
Assim, a expectativa é que com o avanço do calendário eleitoral e a pressão crescente de suas bases, os governadores se sintam compelidos a se manifestar e não ignorar questões que afetam não apenas suas reputações, mas o futuro político do Brasil.