O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teve R$ 10,8 milhões em emendas destinadas por ele pagas desde o dia 27 de fevereiro deste ano, quando desembarcou em Washington, nos Estados Unidos. O parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, encontra-se sob investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura sua atuação no exterior em supostos ataques a autoridades brasileiras.
Dados financeiros de Eduardo no legislativo
Esse montante representa 66,65% dos R$ 16,3 milhões em emendas liberadas para Eduardo em 2025. No contexto atual, ele ocupa a 126ª posição em um ranking de 594 parlamentares que tiveram recursos pagos no legislativo brasileiro este ano, segundo informações obtidas via Portal da Transparência, divulgadas pelo Metrópoles.
O inquérito no STF, que é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, investiga possíveis crimes cometidos por Eduardo, como coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou indícios que levantam preocupações sobre as ações do deputado em solo americano.
As implicações do tarifaço de Trump
A situação se complica ainda mais com as recentes declarações do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que anunciou no dia 9 de julho uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Essa decisão surgiu como uma resposta a alegações de “ataques insidiosos” contra a democracia no Brasil e críticas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que também é alvo de um inquérito no STF por suposta tentativa de golpe de Estado. A questão levanta insegurança entre os aliados políticos do atual governo brasileiro, que se veem em um embate comercial ideológico.
Posicionamento do governo brasileiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem afirmado que responderá ao tarifaço através da Lei de Reciprocidade, além de se recusar a aceitar qualquer tipo de interferência estrangeira nas questões internas do Brasil. Lula enfatiza a independência do Poder Judiciário em relação ao Executivo.
Contudo, o governo brasileiro enfrenta dificuldades para encontrar interlocutores dispostos a negociar a situação. Líderes da direita, incluindo Eduardo e Jair Bolsonaro, condicionam o fim das tarifas a questões que envolvem a anistia referente aos episódios de 8 de janeiro e a suspensão do inquérito sobre a tentativa de golpe.
A investigação em curso
Eduardo Bolsonaro esteve nos Estados Unidos em fevereiro e tem promovido uma ampla lobby junto à administração americana por sanções contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ele alega que seu pai é alvo de uma perseguição judicial, em meio à investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.
De acordo com a PGR, há indícios de uma conspiração contra as instituições democráticas ligada ao governo anterior, sob a liderança do então presidente Bolsonaro e seu candidato a vice, o general Walter Braga Netto. Segundo o Ministério Público, “aliados de Bolsonaro tentaram impedir, de maneira coordenada, que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido”, incluindo ataques às urnas eletrônicas e o uso de órgãos de segurança para impedir a votação de opositores, especialmente no Nordeste do Brasil.
As investigações revelam um plano que também envolveria ações para assassinar figuras públicas, como o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio ministro Moraes.
O cenário político brasileiro continua em ebulição, com essas questões sendo constantemente discutidas e seus desdobramentos impactando diretamente as relações internacionais e o ambiente interno do país.