O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil deve anunciar nesta quarta-feira a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano. A expectativa majoritária do mercado é de estabilidade, após sinais recentes do BC de que o ciclo de altas deve ser interrompido e os juros permanecem elevados por um período prolongado.
Juros no Brasil e nos EUA: estabilidade e cautela
Nos Estados Unidos, a expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) mantenha as taxas de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano na quinta reunião consecutiva, uma das taxas mais altas desde 2007. De acordo com analistas, o Fed tende a seguir uma postura de observação, aguardando mais dados econômicos antes de qualquer alteração na política de juros.
Enquanto isso, o Banco Central elevou a Selic em 0,25 ponto percentual na última reunião, em junho, levando a taxa ao maior nível desde julho de 2006. A decisão foi justificada pelo cenário de inflação acima da meta, que é de 3%, com tolerância de 1,5% a 4,5%, embora a expectativa seja de que a inflação se aproxime da meta apenas no fim de 2026.
Inflação longe da meta e desafios externos
O cenário interno ainda apresenta inflação resistente, impulsionada por uma economia que continua operando acima do potencial. O BC justificou a elevação da taxa, em meio a expectativas de que a inflação só se reduzirá no médio prazo.
Análises do banco indicam que fatores externos, como a política fiscal e comercial dos Estados Unidos, continuam a gerar incertezas e podem impactar o câmbio e os preços no Brasil. Além disso, a recente escalada tarifária entre os dois países, com tarifas que chegam a 50% para exportações brasileiras, pode prejudicar as exportações brasileiras.
Perspectivas de política monetária e mercado
Para o Itaú, a decisão do BC deve refletir a avaliação de que os efeitos defasados da política de juros vêm atuando, mas a incerteza global exige cautela extra. Especialistas avaliam que o mercado já precificou amplamente a manutenção dos juros, e o foco das próximas declarações será na orientação futura da autoridade monetária.
De acordo com a Warren Investimentos, o Banco Central deve reiterar a necessidade de manter a taxa em nível restritivo por tempo suficientemente prolongado, ressaltando a observação dos efeitos defasados da política monetária.
Nos EUA, atenção às declarações de Powell
Nos Estados Unidos, os investidores estão atentos às declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, nesta quarta-feira, na busca de sinais de que a autoridade monetária possa sinalizar uma eventual redução de juros. No entanto, a tendência é de continuidade na manutenção das taxas no atual intervalo, embora divergências internas possam surgir.
Analistas indicam que o Fed deve permanecer cauteloso, considerando a quantidade de dados econômicos que serão divulgados antes da próxima reunião, em setembro. Como destaque, a possibilidade de o comitê sinalizar uma posição mais flexível na política de juros ainda é considerada remota neste momento.