Os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) acompanham com crescente preocupação a violência desenfreada em Luanda, que já resultou em quatro vítimas fatais e mais de 500 indivíduos detidos. A situação, marcada por atos de vandalismo, arruaças e saques em vários estabelecimentos comerciais, começou na sequência da greve dos taxistas, que se iniciou na data de ontem, 28 de julho.
A onda de violência e suas consequências
A onda de vandalismo em Luanda não somente trouxe dor às famílias das vítimas, mas também causou estragos significativos na cidade. Dados preliminares indicam que 45 lojas foram vandalizadas, além de agências bancárias, autocarros e veículos particulares danificados. A infelicidade deste cenário se agrava à luz de uma situação econômica já crítica, onde muitos cidadãos enfrentam dificuldades severas.

Apelo à paz e ao diálogo
Dom José Manuel Imbamba, arcebispo de Saurimo e presidente da CEAST, fez um apelo veemente à população, especialmente aos jovens, para que optem pela contenção e civismo. “Apesar dos níveis de pobreza e miséria que se registam no país, não podemos aplaudir este tipo de ações que comprometem o bem-estar social das famílias e o patrimônio público e privado. O diálogo deve prevalecer”, afirmou o prelado.
Essas declarações são um chamado não apenas à reflexão, mas também uma tentativa de direcionar a discussão para soluções pacíficas. Dom José enfatizou a importância do diálogo entre os jovens e as instituições, lembrando que a civilidade é fundamental para a convivência social harmoniosa.

Contexto e possíveis soluções
O vandalismo em Luanda reflete problemas sociais mais profundos, como a desigualdade, o desemprego e a pobreza que afetam muitos angolanos. A greve dos taxistas, que desencadeou a onda de violência, evidencia a insatisfação com as condições de trabalho e a precariedade enfrentada por esses profissionais. Sem um espaço adequado para expressar sua frustração, alguns optaram por atitudes violentas que resultaram em consequências trágicas.
É essencial que as autoridades locais, em conjunto com as lideranças comunitárias e eclesiásticas, busquem entender as raízes da insatisfação popular e implementem políticas que promovam a inclusão e o desenvolvimento local. O diálogo, como sugerido por Dom José, deve ser uma plataforma para ouvir as demandas da população e buscar soluções sustentáveis.
A comunicação aberta entre os jovens, a sociedade civil e as autoridades pode ser um caminho eficaz para transformar a indignação em ações construtivas. Devemos lembrar que a mudança começa com o respeito mútuo e uma tentativa genuína de compreensão.
Num momento em que a violência parece ser uma solução, é vital que a sociedade angolana se volte para o diálogo e para a construção de um futuro melhor, onde o respeito e a paz sejam prioritários. A mensagem final de Dom José é clara: que o civismo prevaleça e que o caminho para a solução passe pelo entendimento e pela paz.