Pela primeira vez, ontem, o Botafogo de Davide Ancelotti venceu e convenceu no Nilton Santos. A vitória por 2 a 0 contra o Bragantino, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, interrompeu uma sequência de atuações instáveis do alvinegro sob o comando do treinador italiano. De quebra, deu ao time a vantagem de perder por até um gol de diferença na partida de volta, marcada para a próxima quarta-feira.
Um jogo decisivo e promissor
Na coletiva após a partida, Ancelotti expressou sua satisfação. “Para ser sincero, estava com esse desejo de ganhar em casa. Então estou muito contente, não só pela vitória, mas porque temos um caminho que vamos seguir e melhorar. Temos muito o que melhorar. Tínhamos que fazer mais gols com as oportunidades que tivemos”, analisou o treinador.
O técnico conseguiu solucionar alguns dos principais problemas que o time havia demonstrado nos empates com Corinthians e Vitória, pelo Campeonato Brasileiro, nas últimas partidas no Nilton Santos. O principal deles foi a pontaria. Antes do início do jogo de ontem, a estatística do Botafogo com Ancelotti era de apenas 5,9% de aproveitamento em finalizações; no primeiro tempo, esse número subiu para 33,3%. De seis chutes, dois foram defendidos pelo goleiro Cleiton, enquanto outros dois resultaram nos gols marcados por Montoro e Alexander Barboza.
A ascensão dos novos talentos
Um dos destaque da partida foi o jovem Montoro, uma joia argentina de apenas 18 anos, que já se mostrou um acerto do clube em sua contratação. Comprado do Vélez Sarsfield por US$ 9 milhões (cerca de R$ 50 milhões), o meio-campista conquistou a torcida pela habilidade em passes e lances de efeito. Seu gol, marcado após uma troca de passes entre Artur e Vitinho, autor da assistência, reforçou a impressão positiva que tem deixado.
Barboza, por outro lado, já consolidou sua importância para o clube. Tendo sido o melhor zagueiro nos títulos da Libertadores e do Brasileiro em 2024, ele manteve o alto nível nesta temporada. O golaço contra o Bragantino exemplifica isso: após desarmar um jogador adversário, Barboza subiu ao ataque e marcou de cabeça, tornando-se uma referência no time.
A força do meio-campo e a necessidade de ajustes
Além de um ataque mais eficaz, o Botafogo demonstrou um controle notável do jogo durante os dois tempos. O meio-campo, estruturado por Marlon Freitas, Newton e Savarino, permitiu que o alvinegro mantivesse a intensidade, com e sem a posse de bola, sem sofrer demasiadamente contra o time do Bragantino, dirigido por Fernando Seabra. A sintonia entre os volantes nas funções defensivas e ofensivas foi fundamental, assim como a melhoria de desempenho do venezuelano Savarino em relação aos jogos anteriores.
Entretanto, ainda há aspectos a serem aprimorados sob a liderança de Ancelotti. O rendimento dos jogadores que entram na segunda etapa não tem correspondido às expectativas. Nathan Fernandes e Joaquín Correa, que anteriormente se destacaram como titulares contra o Corinthians, não conseguiram manter o mesmo ritmo e desperdiçaram oportunidades que poderiam ter proporcionado um resultado ainda mais confortável ao time.
Desafios a serem superados
“Acho que é um pouco de característica do futebol brasileiro e pouco pelo nosso time a queda no segundo tempo. Temos que trabalhar e eu tenho que fazer as substituições corretas para procurar manter esse time compacto o máximo possível e com o estilo de jogo que queremos impor”, explicou Davide. A análise reflete o momento de transição e adaptação que o Botafogo está atravessando sob a nova gestão.
Por ora, a vitória tranquilizadora e a evolução tática marcam um passo positivo para o Botafogo, que busca continuidade em sua trajetória na Copa do Brasil. A expectativa é que, a partir desta vitória, o clube possa recuperar a confiança e se estabelecer como um forte competidor nas próximas etapas do campeonato.
