O bispo Stefan Oster, de Passau na Baviera, manifestou nesta semana uma forte defesa do bispo americano Robert Barron, ao criticar o que chamou de “beige Catholicism” na Alemanha. A reação ocorreu após Barron receber o Prêmio Josef Pieper em Münster, no dia 27 de julho, em meio a protestos de grupos católicos e políticos.
Bishop Barron e a controvérsia na Alemanha
Na cerimônia, Barron foi alvo de críticas de organizações categorias como grupos pró-vida, jovens católicos e membros do Partido Verde, que o acusaram de apoiar posições políticas de direita, incluindo suas supostas associações com o campanha de Donald Trump e sua postura contrária ao movimento LGBTQ+. Essas críticas também vieram de instituições acadêmicas que questionaram a escolha do prêmio.
Segundo CNA Deutsch, parceiro de notícias em língua alemã, críticos associaram Barron a “políticas identitárias excludentes” e a redes que “economicamente apoiam forças políticas autoritárias”. Protestos presenciais e virtuais marcaram o evento, reforçando o clima de controvérsia.
Defesa de Oster e análise da Igreja na Alemanha
O bispo Oster utilizou sua homenagem a Barron para abordar as tensões na Igreja alemã. Em sua laudatio, afirmou que “quando alguns, em nossa nação, rapidamente rotulam Barron de direita ou de apoiador do Trump, essa categorização revela mais sobre quem julga do que sobre o próprio Barron.”
O prelado criticou a tendência de parte da Igreja na Alemanha de abandonar posições doutrinais em favor de adaptações culturais, dando espaço ao que chamou de “beige Catholicism”, ou seja, uma forma de religiosidade que se molda às culturas, sem provocar transformação espiritual.
Ele alertou que esse fenômeno resulta em uma “Catolicismo de contentamento e bem-financiado”, que perdeu força espiritual e seu papel de atração, além de surfar uma cultura dominadora que afastou os fiéis de uma verdadeira evangelização.
Desafios da evangelização na Alemanha
Segundo Oster, uma das principais dificuldades atuais na Alemanha está na resistência à ‘nova evangelização’, tema central na obra de Barron. Ele apontou que muitos fiéis e líderes têm dificuldades em enxergar o valor de uma fé que deve provocar transformação na cultura, ao invés de se conformar a ela.
“Barron representaria uma esperança de renovação, especialmente entre os jovens, com sua fidelidade ao magistério e sua forte mensagem de evangelização”, avaliou Oster. Ele afirmou ainda que o futuro deverá trazer questionamentos mais profundos sobre o papel do pastor e da Igreja na sociedade alemã.
A importância do legado de Josef Pieper e o trabalho de Barron
O Prêmio Josef Pieper reconhece a influência do filósofo alemão, e sua obra é referência na reflexão sobre fé, razão e cultura. Segundo a Fundação Pieper, Barron apresenta uma “afinidade indelével” com o pensamento do filósofo e atua na revitalização do acesso à fé autêntica em contextos de missão.
Com mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais e nove doutorados honoris causa, Barron fundou o ministério Word on Fire, que promove evangelização digital de alcance mundial — uma estratégia criticada por alguns na Alemanha por seu estilo direto e engajador.
Perspectivas futuras
O bispo Oster reforçou que a Igreja alemã vive um momento de reflexão. Ele declarou que o reconhecimento de Barron demonstra que há uma busca por uma fé mais autêntica e missionária, mesmo diante de críticas e resistências culturais.
Segundo ele, “a longo prazo, o que atrairá fiéis e renovará a Igreja será justamente a fidelidade ao magistério e a coragem de evangelizar de forma genuína, mesmo que isso desafie o sistema cultural vigente.”
A distinção entre a Igreja na Alemanha e os exemplos de renovação em outros países, como os Estados Unidos, evidencia a necessidade de se reafirmar o compromisso com a tradição e a evangelização integral.
O reconhecimento de Barron pelo prêmio reflete uma mudança de paradigma no diálogo entre fé e cultura, apontando para um futuro onde a autenticidade e o testemunho perseverantes possam criar novos horizontes para o cristianismo na Europa.