O Banco Central do Brasil anunciou nesta quarta-feira (23) a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. A decisão, unânime entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), ocorre após um período de elevação dos juros e reflete a melhora nas perspectivas de inflação e o início de desaceleração econômica.
Selic no maior patamar desde 2006
A taxa está no maior nível desde julho de 2006, quando atingiu 15,25% ao ano. Essa pausa no ciclo de elevação reflete a confiança do Banco Central de que a inflação começa a dar sinais de controle, após altas sucessivas durante o último ciclo de contrição monetária.
De setembro do ano passado a maio deste, a Selic foi elevada sete vezes, começando em 10,5% ao ano e chegando ao atual patamar, com aumentos que variaram entre 0,25 e 1 ponto percentual. Desde então, o BC optou por manter os juros estáveis, sinalizando uma pausa na medida que a inflação apresenta sinais de arrefecimento.
Controle da inflação e perspectivas
A taxa de juros é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em junho, o IPCA recuou para 0,24%, mesmo com pressões de alimentos e energia, acumulando uma alta de 5,35% em 12 meses, acima do teto da meta contínua de 4,5%.
No entanto, o IPCA-15 de julho, que antecipa a inflação oficial, registrou aumento acima das expectativas, impulsionado por preços de energia e passagens aéreas. Segundo o Sistema de Meta Contínua, a meta de inflação para 2025 é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,5% e 4,5%.
A previsão do Banco Central para o IPCA em 2025 foi revisada para 4,9%, e o relatório divulgado em junho aponta para redução do ritmo inflacionário, dependendo de fatores como o câmbio e a evolução dos preços. As projeções do mercado, por sua vez, indicam uma inflação de 5,09% neste ano, acima do limite superior da meta.
Impacto na economia e no crédito
Apesar de a elevação da Selic servir como ferramenta para conter a inflação, ela também encarece o crédito, dificultando o crescimento econômico. O BC projeta crescimento de 2,1% do PIB em 2025, enquanto o mercado estima expansão de 2,23%, segundo o boletim Focus.
O aumento da taxa básica eleva o custo dos empréstimos e financiações, desestimulando o consumo e a produção. Assim, a política monetária busca equilibrar a contenção da inflação com o estímulo ao crescimento, um desafio constante para as autoridades.
Próximos passos do Banco Central
Com a estabilidade da Selic em 15%, o BC sinaliza que está atento às expectativas de inflação e ao contexto econômico. A instituição destacou que a decisão de manter os juros neste nível indica confiança de que a inflação continuará sob controle, facilitando uma eventual retomada de cortes futuros a partir do cenário econômico evoluir.
A próxima reunião do Copom está agendada para setembro, quando uma nova avaliação da inflação, do crescimento e de outros fatores econômicos determinará os próximos movimentos na política monetária.