As ações da Embraer tiveram uma valorização superior a 10% nesta quarta-feira (30), após o governo dos Estados Unidos decidir excluir o setor aeronáutico brasileiro de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos do Brasil, anunciada pelo presidente Donald Trump. A medida, que entrou em vigor nesta semana, afeta uma lista de mais de 700 itens, mas deixou de fora os produtos do setor, como aviação civil.
Impacto da isenção no setor de aviação
A Embraer, maior fabricante de aeronaves do Brasil, viu suas ações dispararem após a divulgação da lista de exceções ao aumento tarifário. Estimativas internas apontam que, sem a isenção, a companhia enfrentaria um custo adicional de cerca de R$ 50 milhões por avião, o que poderia gerar um impacto de aproximadamente R$ 20 bilhões até 2030.
Em coletiva de imprensa, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, afirmou que os efeitos do tarifaço seriam comparáveis aos da pandemia de Covid-19. “Na época, enfrentamos uma queda de 30% na receita e redução de cerca de 20% na força de trabalho”, lembrou.
Itens que continuam isentos da tarifa de 50%
De acordo com o decreto, certos produtos continuam livres da sobretaxa, incluindo aeronaves civis, motores, componentes de aviões, veículos como carros de passeio, caminhões leves, além de produtos de ferro, aço, alumínio e cobre, fertilizantes, produtos agrícolas e de madeira, metais preciosos e energia, entre outros.
Setores beneficiados pela exceção
Entre os bens isentos, destacam-se:
- Artigos de aeronaves civis, incluindo partes e sistemas de voo
- Veículos de passageiros e caminhões leves, suas peças
- Produtos de metais como ferro, aço, alumínio e cobre
- Fertilizantes utilizados na agricultura brasileira
- Produtos agrícolas, como suco de laranja, castanhas e fibras
- Energia, incluindo petróleo, gás natural, carvão e energia elétrica
- Bens retornados aos EUA e produtos em trânsito até 5 de outubro
- Itens de uso pessoal, doações humanitárias e materiais culturais
Reações da Embraer e o contexto político
Em nota oficial, a Embraer ressaltou que a decisão dos EUA reforça a relevância estratégica da empresa para as economias brasileira e norte-americana, além de confirmar o impacto positivo de suas operações. A companhia continuará defendendo a tarifa zero na indústria aeroespacial global e apoia o diálogo entre os governos.
O governo americano justificou a medida alegando que o Brasil adotou ações que representam ameaça à segurança nacional, como perseguição política e violações de direitos humanos. Trump assinou uma ordem executiva e anunciou o cancelamento dos vistos do ministro do STF Alexandre de Moraes e de outros integrantes da corte federal brasileira.
Perspectivas futuras
Apesar da crise política e das tensões diplomáticas, a expectativa é que a exclusão do setor aeronáutico da tarifa de 50% preserve a competitividade da Embraer. Analistas do mercado destacam que, com as isenções, não há previsão de cancelamento de pedidos ou adiamento de entregas, o que deve minimizar os impactos econômicos para a empresa brasileira.
O impacto da medida também reforça a importância do diálogo bilateral e da busca por soluções que beneficiem ambos os países, sobretudo no setor estratégico da aviação civil.