Brasil, 31 de julho de 2025
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A ascensão da música gerada por inteligência artificial ameaça artistas tradicionais

A proliferação de bandas criadas por IA desafia o mercado musical e coloca em xeque a participação de músicos profissionais

A crescente popularidade de músicas produzidas inteiramente por inteligência artificial (IA) vem preocupando o setor musical, que enfrenta uma desaceleração na atividade desde o último outono. Desde o sucesso de bandas como Velvet Sundown até artistas como Laufey, cujos streams atingiram bilhões, o fenômeno evidência uma mudança na forma de produção e consumo musical, com impactos que vão além do entretenimento.

Impacto da IA na indústria musical e na participação de músicos

Especialistas apontam que a tecnologia tem privilegiado criações artificiais, muitas vezes invisíveis ao consumidor, dificultando a identificação da origem das músicas. Segundo Leo Sidran, produtor, compositor e intérprete, “em um futuro próximo, veremos surgir muitas músicas sobre as quais não seremos capazes de dizer quem as fez ou como foram criadas”.

Além da opacidade, a acessibilidade às ferramentas de IA faz com que muitos produtores optem por essa tecnologia, uma vez que ela elimina custos relacionados ao pagamento de royalties e direitos autorais. O uso de plataformas de streaming, como Spotify e Deezer, já mostra uma quantidade crescente de faixas atribuídas a artistas misteriosos ou sem informações verificáveis, o que contribui para uma produção musical cada vez mais padronizada.

Desafios futuros e o papel dos artistas tradicionais

Segundo George Howard, professor da Berklee College of Music, a IA representa um desafio sem precedentes na história da música: “a IA é um avanço que pode revolucionar o mercado, mas também ameaça a profissão de músico”. Desde o início dos anos 2000, o setor sofre com mudanças tecnológicas recorrentes, porém a inteligência artificial traz uma complexidade maior, envolvendo disputas judiciais por direitos autorais contra gigantes da tecnologia, que podem levar anos para serem resolvidas.

Mathieu Gendreau, professor da Universidade Rowan, alerta que a IA “se consolidará a longo prazo porque é barata e prática”. Para sobreviver nesse cenário, recomenda que artistas se tornem empreendedores, diversificando suas atividades e explorando nichos que destacam sua singularidade. “Não tente fazer algo que a IA também terá feito, porque ela já estará um passo à frente”, aconselha Sidran, que vê nas dificuldades uma oportunidade de destacar o que torna cada artista único.

Repercussões na escuta e no mercado

O fenômeno também levanta questões sobre o modo como ouvimos música. A distinção entre escuta passiva (quando ouvimos sem buscar entender a origem) e escuta ativa (quando buscamos compreender a autoria) pode desaparecer, caso a tecnologia avance a ponto de impossibilitar essa diferenciação. Se as pessoas não conseguirem distinguir o que é produzido por humanos ou máquinas, as gravadoras podem preferir usar IA para evitar custos adicionais, desconectando a criatividade do pagamento de royalties.

Segundo Dennis DeSantis, da Universidade de Rochester, plataformas de streaming já tendem a disponibilizar playlists de músicas “ambiente”, muitas vezes de autoria de artistas anônimos ou geradas por IA, o que reforça o impacto dessa tecnologia em todos os setores, incluindo cinema, publicidade e espaços públicos, onde a música de fundo domina o cenário.

Perspectivas e estratégias para os artistas

O impacto da IA na música já causa uma desaceleração na produção artística, refletindo na menor quantidade de novos trabalhos de músicos tradicionais. Mathieu Gendreau acredita que o caminho será por meio dos tribunais, envolvendo disputas sobre direitos de autoria. Enquanto isso, o setor busca estratégias para adaptar-se ao novo cenário, que exige mais do que talento técnico: criatividade, empreendedorismo e inovação serão essenciais para que os artistas resistam às novas regras do jogo.

Leo Sidran reforça a importância de os artistas não tentarem imitar o que já existe, mas de explorarem suas diferenças. “A oportunidade está em mostrar o que temos de único, em vez de tentar competir em um mercado que cada vez mais se torna de produção sintética”, conclui.

Mais informações e análises sobre o impacto da IA na música podem ser acessadas em o artigo completo no Globo.

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