Os agricultores do Sudeste, região que concentra a maior produção de lichia do Brasil, enfrentam o desafio de aprimorar a cadeia produtiva da fruta, especialmente na fase do pós-colheita. Em 2024, a região experimentou uma supersafra de lichia, com crescimento de até 50% na produção, mas a logística e a tecnologia de embalagem ainda precisam evoluir para evitar perdas e expandir mercados.
Desafios do pós-colheita na produção de lichia
A lichia é uma fruta altamente perecível, exigindo tecnologia avançada de embalagem e logística eficiente para garantir sua qualidade na comercialização in natura. Segundo especialistas, cerca de 15% dos frutos são rejeitados pelos supermercados por motivos de aparência, o que reforça a necessidade de investimentos em agroindústria, incluindo processamento para derivados como geleias e congelados.
Impactos da supersafra e oportunidades de mercado
Ricardo Soares de Arruda Pinto, maior produtor de lichia da América Latina, cultiva 26 mil pés na cidade paulista de Itaí, ao lado de parceiros como o Sebrae-SP. Ele destaca que a região do Alto do Paranapanema foi incluída no programa SP Produz, que visa fortalecer a cadeia produtiva local, possibilitando projetos de melhorias na produção e processamento da fruta.
“Aqui no Brasil temos vantagem no cultivo, e há potencial de mercado para lichia fresca, geleias, cosméticos e drinks”, afirma Pinto, que aposta na expansão do setor, apesar dos desafios técnicos e de mercado. A produção de lichia na região atingiu 6,5 mil toneladas, um aumento de 12% em comparação ao ano anterior, segundo dados da Embrapa e da Ceagesp.
Inovação tecnológica na colheita e embalagem
Um dos principais obstáculos é o curto período de vida da lichia, que após a colheita madura dura cerca de 7 dias em temperatura ambiente e até três semanas sob refrigeração. Investimentos em tecnologia de embalagem, como uma nova tecnologia israelense, têm sido feitos para ampliar esse prazo para até 30 dias, facilitando a exportação e a venda no mercado interno.
João Eduardo Ramalho, de Tejupá, investiu em tecnologia de embalagem para estender a durabilidade do fruto, que atualmente não passa de uma semana. “A ideia é melhorar a logística e aumentar a comercialização, mantendo a qualidade do produto”, explica.
Exportação e potencial de crescimento
A região também trabalha para ampliar a presença no mercado internacional, com destaque para o crescimento de exportações e a inclusão do pinhão de Araucária no mercado externo, que também impulsiona a cadeia agrícola local. Essas ações visam fortalecer a produção de lichia e diversificar os produtos derivados, como geleias, bebidas saborizadas e cosméticos.
Perspectivas futuras para a cadeia da lichia
Especialistas acreditam que, com investimento em tecnologia, melhor infraestrutura e fortalecimento da agroindústria, o setor de lichia no Sudeste poderá não apenas aproveitar a supersafra, mas também consolidar a fruta como elemento de diversificação agrícola com potencial de mercado nacional e internacional.
A criação de políticas públicas e programas específicos, como o CPL no Alto do Paranapanema, será fundamental para estimular melhorias na produção, embalar com inovação e ampliar as oportunidades de negócios na cadeia da lichia brasileira.
Para saber mais sobre as tendências e desafios do setor frutícola no Brasil, acesse o site do Globo.