A Raiar Orgânicos anunciou a implementação de uma nova tecnologia de sexagem embrionária, que permite identificar o sexo dos pintinhos ainda dentro do ovo, como forma de reduzir práticas cruéis na avicultura. A medida visa evitar o abate massivo de machos, uma prática comum na indústria de ovos, que muitas vezes envolve trituramento ou outros métodos brutais.
Tecnologia de sexagem embrionária no Brasil
Para realizar a sexagem, a Raiar importou uma máquina da fabricante alemã AAT, batizada de Cheggy, que projeta um feixe de luz sobre o ovo a partir do 13º dia de incubação, identificando a coloração da penugem do embrião. Se for detectado um galo, o ovo é descartado imediatamente, antes do nascimento. O processo ocorre em apenas cinco segundos, podendo processar até 6 mil ovos por hora.
Investimento e metas de produção
Embora o valor investido na máquina não tenha sido divulgado, a Raiar afirmou que a instalação ocorreu no incubatório de Nova Granada (SP). A empresa estima adquirir 200 mil pintainhas neste ano, com previsão de dobrar esse número em 2026, adotando a tecnologia para salvar aproximadamente metade dos embriões machos previstos na produção.
Impacto no bem-estar animal e mercado
Segundo Marcus Menoita, CEO e cofundador da Raiar, a iniciativa representa um avanço pelo bem-estar animal, uma vez que evita métodos cruéis de descarte dos pintinhos machos. “Queremos fazer mais do que cumprir uma tendência, queremos marcar uma diferença”, afirmou. A tecnologia já é adotada na Europa e nos EUA, mas sua implantação no Hemisfério Sul era uma questão de viabilidade econômica, até então.
Fundada há quatro anos, a Raiar produz exclusivamente ovos orgânicos marrons, com galinhas criadas fora de gaiolas, alimentadas com grãos orgânicos e sem uso de medicamentos. A marca também investe em bem-estar, como um “playground” que estimula os movimentos das galinhas, fortalecendo seus músculos.
Compromisso com o consumidor e legislação
Para reforçar a transparência e valorizar o produto, a Raiar pretende criar um selo na embalagem do ovo indicando que ele passou pelo processo de sexagem. Apesar de não repassar esse custo ao consumidor, a marca acredita que o diferencial fortalecerá sua marca no mercado de ovos orgânicos.
Embora a ação seja voluntária, a Raiar acompanha com atenção o projeto de lei em tramitação no Congresso, de autoria da deputada Professora Luciene Cavalcante (Psol-SP), que propõe a obrigatoriedade da sexagem embrionária, além de punir métodos cruéis de descarte de pintinhos. Atualmente, não há imposição legal no Brasil nesse sentido, diferentemente de países como a Alemanha.
Desafios e limitações da tecnologia
Menoita destacou que a tecnologia ainda apresenta limitações, pois, por enquanto, só consegue identificar galinhas da raça Lohmann Brown, que põem ovos vermelhos. Mesmo assim, a chegada dessa tecnologia representa um avanço relevante para a produção de ovos mais ética no Brasil.
Mais informações sobre o projeto da Raiar podem ser acessadas neste link.