A recente prisão da deputada Carla Zambelli (PL-SP) na Itália repercutiu fortemente entre os parlamentares brasileiros, intensificando a polarização política que marca o cenário nacional. A parlamentar, que foi detida após ser incluída na lista vermelha da Interpol, enfrenta uma condenação de dez anos de reclusão por falsidade ideológica e invasão de sistema eletrônico, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Impactos sobre a base governista e a oposição
A detenção de Zambelli fez com que aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva passassem a pressionar a Câmara dos Deputados para acelerar o processo que pode levar à cassação do mandato da deputada. O objetivo é não permitir que a situação se arraste, dada a gravidade da condenação e o fato dela já ter buscado abrigo fora do Brasil.
Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, destacou que a Casa não tem a responsabilidade de votar sobre a prisão da parlamentar, já que ela foi condenada em última instância. Motta frisou que o foco da Câmara deve ser apenas a análise do pedido de perda de mandato, que já tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Movimentações por parte dos deputados
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), declarou que protocolou um requerimento para que o caso de Zambelli seja tratado com prioridade. Ele argumenta que a permanência da parlamentar no cargo enquanto enfrenta graves acusações seria um desrespeito ao Estado de Direito. “Não existe previsão legal para o exercício remoto, clandestino ou fictício do mandato por quem está condenada, presa e em processo de extradição”, afirma Farias.
Do outro lado, a reação dos bolsonaristas foi de pesar pela detenção de uma aliada. O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) celebrou a prisão de forma contundente, caracterizando Zambelli como uma “golpista” e aludindo a um futuro em que outros parlamentares também poderão enfrentar consequências similares.
Conflitos internos no PL
Os líderes do PL na Câmara e no Senado expressaram preocupação com o impacto da prisão na política nacional. Sóstenes Cavalcante (RJ) e Carlos Portinho (RJ) lamentaram publicamente a detenção de Zambelli e convocaram uma reação unificada do Parlamento. Cavalcante enfatizou que aceitar o exílio político de membros do Parlamento e a criminalização da oposição será um sinal de rendição para a Casa Legislativa.
Portinho também criticou a situação, afirmando que o Congresso está “subjugado pelo Judiciário”, ressaltando uma visão crítica sobre o estado atual da democracia brasileira. Ele descreveu a oposição como perseguida, apontando para uma “fotografia” do Brasil que alarmaria o mundo.
Distanciamento do bolsonarismo
Apesar das manifestações de apoio à Zambelli, muitos dos principais nomes do bolsonarismo têm optado por manter distância do caso. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ainda não se manifestou publicamente sobre a prisão, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro mencionou anteriormente que não se envolveria na situação, sinalizando uma desconexão em relação ao apoio a Zambelli.
A prisão de Carla Zambelli não apenas acirrou os ânimos no Congresso, mas também destacou a crescente divisão política que permeia a sociedade brasileira. À medida que os desdobramentos do caso avançam, é certo que tanto a base governista quanto os opositores continuarão a usar o incidente para reforçar suas narrativas em um contexto cada vez mais polarizado.