O Brasil se despediu de um de seus maiores nomes da dança. Décio Otero, renomado bailarino e coreógrafo, faleceu na noite de segunda-feira (28), aos 92 anos, em São Paulo. Ele foi o fundador do famoso Ballet Stagium e deixou um legado significativo no mundo da dança no país.
Uma vida dedicada à dança
Nascido em Ubá, Minas Gerais, no dia 15 de julho de 1933, Décio Otero iniciou sua jornada no mundo da dança em 1951, quando se matriculou no Ballet de Minas Gerais. Ao longo de sua carreira, Otero se destacou não apenas pela técnica e habilidade, mas também pela paixão que transmitia em cada apresentação. Foi ali que teve seu primeiro contato com a dança clássica, sob a tutela de Carlos Leite.
Durante sua trajetória, Otero conheceu personalidades que se tornariam essenciais para sua formação artística, como Angel e Klauss Vianna. Sua carreira decolou em 1956, quando ingressou no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde se tornou solista no ano seguinte. Nesse período, trabalhou ao lado de grandes bailarinos como Maryla Gremo e Eugênia Feodorova, consolidando-se como uma das figuras proeminentes na cena do balé brasileiro.
O Ballet Stagium e legado artístico
Tratando-se de um ícone da dança, a fundação do Ballet Stagium em 1970, em parceria com a bailarina Marika Gidali, foi um momento marcante na carreira de Décio. O grupo logo ganhou destaque no meio artístico, apresentando mais de 80 obras primordiais. “O céu ficou mais bonito. Sua presença iluminou nossas vidas”, declarou o Ballet Stagium em homenagem à sua memória.
Além das coreografias, Décio Otero foi responsável por criar mais de 100 obras ao longo de sua carreira, sendo premiado diversas vezes por seu talento. Entre os reconhecimentos, foram os prêmios APCA durante a década de 1970 e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, além da Ordem do Mérito Cultural, em 2005. Seu trabalho como coreógrafo inspirou e formou gerações de bailarinos no Brasil.
Reconhecimento e homenagens
A morte de Décio Otero foi sentida em todo o Brasil. O Ballet Stagium, ao anunciar sua morte, enfatizou como o legado artístico de Décio viverá na lembrança e na continuação de sua obra. “Que possamos encontrar conforto nas memórias que compartilhamos e na certeza de que seu legado viverá em cada um de nós”, escreveu a trupe em uma publicação.
Neste momento de reflexão, muitos artistas e admiradores da dança prestaram suas homenagens nas redes sociais. Fica evidente uma profunda gratidão ao trabalho de Décio, que contribuiu para enriquecer a cultura brasileira e popularizar a dança clássica como uma forma de arte acessível e admirada por muitos.
Impacto na formação de novos bailarinos
Décio Otero também foi um educador comprometido, tendo ministrado aulas e se envolvido em programas de dança educacional. Sua capacidade de inspirar e formar novos talentos foi um aspecto fundamental de sua carreira. O legado da dança que deixou reverbera em cada bailarino que passou por sua influência, perpetuando seu amor pela dança.
O tributo à vida de Décio Otero não é apenas uma lembrança de suas conquistas, mas também um chamado à continuidade de sua missão: fazer da dança uma expressão acessível e significativa para as futuras gerações. O respeito e a admiração por sua figura permanecerão por muito tempo no coração daqueles que tiveram a oportunidade de dançar, aprender e se inspirar com ele.
Décio Otero partiu, mas sua obra permanecerá viva nas salas de espetáculo e nas memórias de todos que amam a dança. Que seu esplendor continue a iluminar o caminho da arte no Brasil.