Na manhã desta terça-feira (29), a deputada Carla Zambelli se entregou às autoridades italianas, conforme informado pelo advogado Fabio Pagnozzi. A entrega ocorreu em meio ao desenlace de um caso que já gerava muita repercussão no Brasil, e o que mais intrigou a opinião pública foi o sumiço de seu esposo, o coronel da reserva Antonio Aginaldo de Oliveira, que não aparece nas redes sociais desde 17 de maio, logo antes da condenação de Zambelli.
O sumiço do coronel Aginaldo
O último post do coronel Aginaldo foi bastante significativo. Ele mostrava o militar em uma ação como secretário de Segurança de Caucaia, no Ceará, participando da campanha Maio Laranja, que visa combater a violência contra crianças e adolescentes. Com uma declaração que ressoou na comunidade, ele escreveu: “Seguimos juntos na construção de uma Caucaia mais segura, acolhedora e comprometida com o futuro das nossas crianças!”.
Além dessa publicação, o coronel teve uma postura muito ativa na defesa da esposa nas redes sociais. Em um texto datado de 12 de abril, ele chamou Zambelli de “mulher do povo“, ressaltando que “a missão não terminou”. O militar também fez críticas ao sistema político, afirmando que sua esposa estava sendo alvo de um processo por parte de forças que queriam “derrubá-la”. Segundo ele, o que estava em jogo era a anulação de quase um milhão de votos que a deputada havia conquistado em São Paulo.
A exoneração de Aginaldo e seu afastamento do cargo
Pouco tempo depois de seu último post, Aginaldo foi exonerado do cargo de secretário municipal de Segurança Pública de Caucaia no dia 30 de junho, decisão que foi publicada no Diário Oficial e assinada pelo prefeito Naumi Amorim (PSD). O coronel havia solicitado o afastamento em 21 de maio, alegando “doença em pessoa da família”, sem especificar mais detalhes. Essa exoneração aconteceu enquanto Carla Zambelli estava fora do Brasil, dias antes de ser condenada.
Sobre o coronel Antonio Aginaldo
Seus 57 anos de vida são acompanhados de uma longa trajetória na Polícia Militar, onde acumula mais de três décadas de serviço. Aginaldo se destacou ao concluir o curso de Operações Especiais no BOPE, recebendo o título de “caveira”. Ele foi responsável por coordenar operações importantes, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, além de combate ao narcotráfico nas fronteiras do Brasil.
Em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro, Aginaldo assumiu o comando da Força Nacional. Casou-se com Zambelli em uma cerimônia que teve a presença de figuras ligadas ao governo, incluindo Sergio Moro, que foi o padrinho. Aginaldo também tentou uma carreira política, disputando uma vaga de deputado federal em 2022 e tentando ser prefeito de Caucaia em 2024, mas não obteve sucesso em nenhuma das tentativas.
A condenação de Carla Zambelli
O cenário se agravou quando, em junho, o Supremo Tribunal Federal condenou Carla Zambelli a 10 anos de prisão em regime fechado e determinou a perda de seu mandato. As acusações contra a parlamentar vão desde a articulação de invasões e o uso de documentos falsos em sistemas do CNJ, até obstrução de Justiça e coação em processo.
Após deixar o Brasil no final de maio, Zambelli era considerada foragida e foi inclusa na lista da Interpol. Seu retorno ao Brasil, após a entrega às autoridades italianas, marca um capítulo decisivo na sua trajetória política e pessoal. A repercussão das ações de Zambelli e seu marido continuam a gerar atos de solidariedade e críticas em partes da sociedade brasileira.
