Brasil, 30 de julho de 2025
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Inadimplência no novo consignado privado surpreende bancos

Dados internos apontam que até 15% do valor esperado no primeiro pagamento não foi recebido, refletindo dificuldades na modalidade para trabalhadores

A inadimplência no novo empréstimo consignado privado, lançado em março para trabalhadores com carteira assinada, está causando surpresa entre as instituições financeiras. Segundo dados internos da Associação Brasileira dos Bancos (ABBC), entre 10% e 15% do montante esperado no primeiro pagamento não foi recebido, indicando desafios na operação do produto, conforme explicou Alex Gonçalves, diretor de crédito consignado da entidade.

Razões por trás do calote elevado no novo consignado

O aumento nos índices de inadimplência é atribuído, em parte, a problemas no sistema do governo e às dificuldades operacionais enfrentadas pelas empresas. Gonçalves destaca que essas questões já estão em processo de resolução, embora o impacto inicial tenha sido mais relevante do que o previsto pelo setor financeiro.

Por enquanto, a adoção de um teto para as taxas de juros no novo consignado continua sendo considerada improvável, mesmo com a insatisfação de parte do governo em relação às tarifas cobradas pelos bancos.

Contexto do novo consignado para trabalhadores CLT

O programa, lançado em março, visa ampliar o acesso ao crédito de trabalhadores com carteira assinada, oferecendo juros menores do que as modalidades sem garantia. Antes, apenas funcionários de empresas conveniadas diretamente com bancos podiam acessar esse tipo de empréstimo, geralmente nas maiores corporações.

Dificuldades na escrituração e portabilidade

O órgão responsável pela tecnologia do programa, a Dataprev, enfrenta desafios na conciliação das informações de empréstimos entre empregadores e bancos, o que prejudica a efetivação do desconto em folha — procedimento essencial para o pagamento do empréstimo. Segundo Gonçalves, o sistema ainda apresenta falhas, dificultando a portabilidade e o controle das dívidas.

Após o fim do prazo de 120 dias para a troca de dívidas entre bancos, previsto nas regras do programa, a operação de portabilidade ainda está em ritmo lento. Em junho, foram realizadas apenas 428 operações, enquanto a troca de empréstimos antigos por novos dentro do mesmo banco atingiu 6.523 negociações no mesmo período, segundo dados da ABBC.

Impacto do calote e aumento dos juros

O juro médio cobrado na modalidade, que era de 40,9% ao ano em fevereiro, subiu para 59,1% em abril, chegando a 56% em junho, conforme estatísticas do Banco Central. Gonçalves reforça que a inadimplência, que caiu de 7,7% para 6,4% entre fevereiro e junho, pode ainda estar subestimada, pois as informações oficiais só contabilizam atrasos maiores que 90 dias. Empresas associadas à ABBC relatam calotes na primeira parcela do empréstimo, sinalizando possível tendência mais negativa.

Desafios operacionais e perspectivas

O diretor da ABBC explica que as dificuldades na escrituração e na cobrança ainda elevam o risco de crédito, o que influencia o aumento das taxas de juros. Segundo ele, a solução está sendo buscada pela Dataprev, visando tornar o produto mais acessível e diminuir custos, principalmente com a plena operacionalização da portabilidade.

Apesar do aumento na inadimplência, o programa tem alcançado uma camada da população geralmente excluída do crédito, especialmente trabalhadores de menor renda ou negativados. Gonçalves destaca que não há previsão de estabelecer um teto de juros, pois isso poderia restringir o acesso de quem mais precisa.

Analistas do setor alertam que a fixação de limites nos juros pode limitar a oferta do produto e prejudicar aqueles que mais dependem dele, principalmente os trabalhadores com vínculos empregatícios mais curtos e empresários menores. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reforça que a imposição de teto de taxa poderia excluir parte do público beneficiado pelo programa, elevando as tarifas próximas ao dobro das atuais.

A expectativa é que, com melhorias operacionais, incluindo o avanço na portabilidade, os juros na modalidade possam diminuir e ampliar a adesão, contribuindo para maior inclusão financeira e redução da inadimplência no longo prazo.

Para saber mais, acesse o< a href="https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/07/29/bancos-se-surpreendem-com-inadimplencia-em-novo-consignado-para-trabalhadores-clt-que-chega-a-10percent.ghtml" target="_blank">Fonte completa.

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