O episódio de 2019 em que milhares de pessoas se mobilizaram para invadir a Base Militar de Área 51, em Nevada, terminou com fotos e risadas, e não com conflitos com o exército. A tentativa, que começou como uma brincadeira na internet, virou um fenômeno global, revelando o poder das redes sociais na cultura das conspirações e na mobilização social.
A origem do evento ‘Storm Area 51’ e sua viralização
O criador da ideia foi Matty Roberts, um jovem de 20 anos de Bakersfield, na Califórnia, que, ao assistir a uma entrevista do comediante Joe Rogan com alguém que supostamente trabalhava na base, questionou-se sobre o que o governo ocultava por trás do local altamente protegido. Em sua ingenuidade, criou o evento no Facebook intitulado “Storm Area 51” para 20 de setembro de 2019 às 3 horas da manhã.
O post, inicialmente uma brincadeira, ganhou uma proporção inesperada. Em poucos dias, milhões de pessoas confirmaram presença, transformando o que seria uma ação simbólica em um movimento de cultura pop.
O que realmente aconteceu na manhã de 20 de setembro de 2019?
Apesar do grande alvoroço, o que ocorreu foi bem diferente do caos previsto pelos memes e pela expectativa da mídia. Poucos centenas de participantes compareceram fisicamente na área, com a polícia local e o exército se preparando para possíveis confrontos.
Por sua vez, a maior movimentação aconteceu em Las Vegas, onde uma festa paralela reuniu mais de 10 mil pessoas. No fim, a invasão foi uma operação pacífica, com os participantes tirando fotos e brincando com a ideia de que poderiam enfrentar militares armados na suposta busca por extraterrestres.
O segredo de Area 51 e sua relação com OVNIs
Conforme explicou Annie Jacobsen, autora de “Area 51: Uma História Não Autorizada”, a base foi responsável pelo desenvolvimento de aviões de reconhecimento, como o U-2, voltados para espionagem na Guerra Fria. Seu segredo, por décadas, alimentou histórias de UFOs e abduções, alimentando a imaginação popular.
A base só foi oficialmente reconhecida pelo governo dos Estados Unidos em 2013, quando o então presidente Barack Obama fez uma brincadeira ao mencioná-la em um discurso no Kennedy Center. Antes disso, sua existência era um mistério para a maioria da população.
O impacto cultural e as lições do episódio
O evento “Storm Area 51” mostrou o poder de uma brincadeira na internet, capaz de mobilizar milhões de pessoas e gerar memes globais. Apesar do potencial conflito que todos esperavam, o resultado foi uma demonstração de como a cultura pop e o humor podem transformar uma ameaça percebida em uma experiência coletiva, de diversão e curiosidade.
Hoje, o episódio é visto como um marco na relação entre as redes sociais e o imaginário de conspirações, reforçando a ideia de que, muitas vezes, o que nasce de uma brincadeira pode acabar influenciando o imaginário e o comportamento social.