O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que o governo brasileiro precisa garantir que uma eventual reunião entre o presidente Lula e Donald Trump ocorra com respeito e segurança, evitando repetições de episódios humilhantes, como o bate-boca envolvendo o líder ucraniano Zelensky na Casa Branca em fevereiro.
Preocupação com postura de Trump
Haddad destacou a importância de evitar que o Brasil seja tratado de forma humilhante por Trump, que humilhou líderes como Zelensky e Cyril Ramaphosa em audiências ao vivo, na visão do ministro. “Se houver uma reunião entre os presidentes, temos que ter uma segurança de que não acontecerá com Lula o que aconteceu com Zelensky — que passou um papelão na Casa Branca,” afirmou à CNN Brasil. — Ou você se dá algum respeito ou vai virar motivo de chacota.”
Contexto político e negociações bilaterais
Segundo informações do próprio governo, Lula avalia a possibilidade de telefonar para Trump, mas ainda não há uma decisão definitiva. auxiliares do Palácio do Planalto explicam que a iniciativa só ocorrerá após esgotar todas as negociações para evitar que as exportações brasileiras sejam impactadas pela sobretaxa de 50% que entrará em vigor nesta sexta-feira, 31.
Temor de desrespeito e cenário internacional
Há uma preocupação de que Lula possa ser tratado de forma desrespeitosa por Trump, especialmente devido ao histórico do ex-presidente americano de humilhar lideranças estrangeiras em eventos públicos. A corte do ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, não será tema das negociações, afirmam interlocutores do governo.
Diálogo e interesses comerciais
Enquanto isso, auxiliares do Planalto e do Itamaraty afirmam estar dispostos a discutir tarifas no comércio bilateral e abrir espaço para tratar de interesses dos EUA em minerais estratégicos, como lítio, nióbio e terras raras, além de regulação das big techs. Contudo, as conversas continuam bloqueadas, dificultadas pelo clima de incerteza.
Painel internacional e repercussões
A postura de Trump na política externa brasileira é acompanhada de atenção, especialmente considerando o momento de aumento de tensões comerciais e diplomáticas. Desde o anúncio da sobretaxa, integrantes do governo avaliam que a situação se tornou cada vez mais complexa, com a repercussão negativa de alguns países da União Europeia após acordos recentes com os EUA.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mantém a postura de aguardar o contato das autoridades americanas para uma possível conversa em Washington. Ele participa de reuniões na ONU em Nova York e retornará a Brasília nesta terça-feira.
Para Haddad, é fundamental estabelecer uma relação de respeito mútuo nas negociações, evitando que o Brasil seja alvo de provocações que comprometam a diplomacia e o comércio internacional do país.
Fonte: O Globo