O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (29) que o governo dos Estados Unidos demonstrou interesse em discutir o aumento de tarifas comerciais, conhecido como tarifão, previsto para começar nesta sexta-feira (1º). Segundo Haddad, há sinais de que as autoridades americanas estão abertas ao diálogo para reverter ou modificar a medida.
Brasil preparado para enfrentar o tarifaço dos EUA
De acordo com Haddad, o Brasil não abandonou a tentativa de negociação e acredita que, nesta semana, os Estados Unidos já mostram maior sensibilidade. “Estamos atentos às conversas e recebemos indicativos de maior abertura por parte de algumas autoridades americanas”, afirmou o ministro, destacando que o governo prepara um plano de contingência caso a sobretaxa seja aplicada.
“Estamos confiantes na nossa capacidade de superar este momento. Se o evento externo ocorrer, o Brasil manterá sua postura de defesa dos interesses das empresas e trabalhadores, além de continuar na mesa de negociações buscando respeito e racionalidade”, completou Haddad.
Plano de proteção ao emprego está em avaliação
Perguntado sobre uma possível adoção de medidas de proteção ao emprego semelhantes às implementadas durante a pandemia da Covid-19, Haddad revelou que essa opção está na mesa, mas que a decisão caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Vários cenários estão sendo considerados, incluindo programas de manutenção de empregos, mas a decisão sobre o formato e a data cabe ao presidente”, afirmou.
Impacto potencial do tarifão
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) estima que cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos possam ser afetadas pelo aumento de tarifas, o que representaria cerca de 3,2 milhões de empregos no Brasil. Essas empresas dependem do mercado norte-americano para sua atividade econômica.
Contexto e negociações internacionais
Em 9 de julho, o governo dos EUA anunciou a implementação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, sob justificativa política e comercial. O presidente Donald Trump afirmou que a medida busca pressionar países considerados de relacionamento “não satisfatório”, incluindo o Brasil. A aplicação das tarifas está prevista para o dia 1º de agosto, mas há possibilidade de mudança na data.
Haddad adiantou que as negociações podem continuar até o último momento, inclusive com possibilidade de recuo por parte dos EUA após as conversas. “O prazo, que parece ser rígido, pode ser alterado”, disse o ministro, reforçando que o Brasil busca uma solução diplomática e respeitosa.
Diálogo entre Lula e Trump
O ministro destacou que os canais de comunicação entre os governos continuam abertos e que há possibilidade de uma conversa direta entre os presidentes Lula e Donald Trump. Segundo Haddad, os esforços têm sido dedicados a preparar esse encontro de forma respeitosa e construtiva, evitando embates diplomáticos que prejudiquem a relação bilateral.
“Vamos garantir que, quando acontecer, a conversa seja digna e valorize os dois povos, sem ressentimentos ou desrespeitos”, afirmou Haddad, ressaltando a importância do diálogo para o futuro das relações econômicas entre Brasil e EUA.
Fonte: G1