O governo federal anunciou nesta terça-feira (29) que está elaborando um plano de contingência para minimizar os impactos das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, que podem chegar a 50%. A iniciativa visa proteger empregos e apoiar setores exportadores brasileiros, especialmente o agronegócio, siderurgia e manufaturados.
Plano de contingência para responder às tarifas americanas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou em coletiva à imprensa que o objetivo é que o Brasil esteja preparado para agir com responsabilidade social e equilíbrio econômico diante do aumento das sobretaxas. “O Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas e trabalhadores, ao mesmo tempo em que busca diálogo e respeito mútuo nas negociações internacionais”, afirmou Haddad.
A elaboração do plano ocorre em meio a crescentes preocupações de empresários, que temem cortes de operações e demissões, e de trabalhadores, que demonstram insegurança quanto às perspectivas de emprego. Ainda não há detalhes das medidas específicas, mas a prioridade será apoiar setores mais atingidos e evitar uma escalada no desemprego.
Impactos econômicos previstos pelas tarifas
Segundo analistas, a sobretaxa de 50% pode elevar custos de produção, diminuir a competitividade brasileira e levar à redução de vagas em empresas nas áreas de exportação mais impactadas. Os principais setores afetados incluem aço, alumínio, carne bovina, laranja e produtos manufaturados de média tecnologia.
Diogo Catão, CEO da Dome Ventures, explicou ao Portal iG que os efeitos podem ser observados principalmente na cadeia produtiva de exportação e nos empregos, especialmente em logística, transporte e operações industriais. “Estes setores sofrerão redução significativa no quadro de funcionários, impactando toda a cadeia”, afirmou.
Setores mais vulneráveis aos efeitos das tarifas
Fabiano Nagamatsu, CEO da Osten Moove, destacou que grandes exportadoras de tecnologia e bens industriais, como papel, celulose, maquinários, carne de aves e a indústria aeronáutica, podem ser seriamente afetadas pelo aumento nos custos logísticos e de exportação.
Para o advogado tributário Ivson Coêlho, os efeitos no mercado de trabalho podem demorar até dois trimestres para se manifestar, dependendo do impacto da medida e dos estoques existentes. “Podem ocorrer suspensão de contratos (lay-off), redução de jornada e demissões em massa, especialmente em empresas com forte vínculo ao mercado americano”, explicou.
Medidas de proteção e esforços diplomáticos
Especialistas ressaltam que ações como lay-off, programas de requalificação profissional e negociações com sindicatos podem ajudar a evitar demissões em larga escala. Paralelamente, há uma expectativa de que o governo intensifique esforços diplomáticos para reverter ou atenuar as tarifas antes que causem prejuízos profundos ao mercado de trabalho brasileiro.
O governo promete acompanhar a evolução do cenário e adotar medidas que apoiem as empresas brasileiras contra esse cenário de maior competitividade internacional.