O governo de Luiz Inácio Lula da Silva está avaliando propostas para evitar demissões em setores impactados pelo aumento de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Caso a sobretaxa de 50% seja implementada, o Palácio do Planalto pode lançar um programa de manutenção de empregos, similar ao que foi adotado durante a pandemia de Covid-19.
Medidas para evitar demissões no contexto do “tarifaço”
Auxiliares do Palácio do Planalto afirmam que as opções para conter o aumento do desemprego estarão na mesa do presidente Lula nesta semana. A ideia é que ações sejam mais localizadas e específicas, permitindo que as empresas se reestruturem para conquistar novos mercados. Segundo interlocutores, a estratégia busca proteger empregos sem causar um impacto fiscal tão grande quanto o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego (BEm) da pandemia.
Possíveis alternativas em discussão
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o governo possui um “cardápio de opções” para enfrentar os efeitos da sobretaxa americana, mas que a decisão final cabe ao presidente. Entre as possibilidades estão incentivos fiscais e linhas de crédito especiais. “Há um cenário que prevê ações específicas, mas não tenho detalhes de qual será escolhido”, afirmou Haddad.
Histórico de medidas de apoio ao emprego na pandemia
No enfrentamento da Covid-19, o governo lançou o BEm, programa que permitia redução temporária da jornada e salário, com auxílio financeiro parte do governo. Caso reeditado, o programa teria impacto fiscal, mas manteria empregos em empresas afetadas economicamente.
Impactos políticos e econômicos do “tarifaço”
Até o momento, Lula vem lucrando politicamente com a medida de Washington, mas há preocupações de que os efeitos econômicos possam prejudicar sua popularidade. O temor é que o aumento de desemprego, decorrente da sobretaxa, atrapalhe a recuperação do mercado de trabalho, que já registrou uma das taxas de desemprego mais baixas da série histórica do IBGE, de 6,2% no trimestre encerrado em maio.
Além do impacto direto na ocupação, a medida pode afetar índices de popularidade do presidente, além de prejudicar o crescimento de setores altamente dependentes do mercado americano, especialmente pequenas empresas. O governo também avalia oferecer linhas de crédito para empresas exportadoras, principalmente as de menor porte, com juros atraentes e prazos estendidos, buscando mitigar as perdas comerciais.
Medidas complementares do setor econômico
Outra ação em estudo é a antecipação de créditos tributários para grandes empresas exportadoras, que costumam demorar anos para receber benefícios fiscais referentes ao IPI, CSLL e PIS/Cofins. A iniciativa visa aliviar o fluxo de caixa dessas companhias e ajudá-las a se manterem no mercado internacional.
Demandas do setor produtivo
Representantes do setor produtivo, como o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Flávio Roscoe, têm levado essas propostas ao governo, que prometeu analisá-las com atenção. “Recebemos retorno de que as medidas estão sendo avaliadas, considerando a necessidade de evitar o colapso de setores que são altamente dependentes do mercado americano”, explicou Roscoe.
O governo aguarda definições sobre o tema, com a expectativa de anunciar ações concretas nos próximos dias, para minimizar os efeitos da sobretaxa sobre as empresas brasileiras e o emprego no país.
Fonte: O Globo