Uma ex-funcionária do McDonald’s entrou na Justiça solicitando uma indenização de R$ 100 mil por danos morais após ter sido agredida em um estacionamento de uma unidade da rede em Praia Grande, no litoral de São Paulo. A situação ocorreu no dia 1° de janeiro e, segundo os relatos, a jovem de 19 anos, que havia trabalhado na empresa por cerca de oito meses, foi atacada por uma cliente após esbarrar no marido dela.
O desenrolar da agressão
Conforme detalhado no processo, a funcionária estava realizando suas atividades normais, recolhendo lixo das mesas, quando esbarrou em um desconhecido. Após o incidente, ela pediu desculpas e continuou seu trabalho. Porém, momentos depois, foi surpreendida pela esposa do cliente, que a agrediu verbalmente e fisicamente, utilizando xingamentos e ofensas graves.
De acordo com a mãe da vítima, a situação se agravou rapidamente. “Ela foi chamada de ‘piranha’ e agredida com socos e chutes. Até o segurança da unidade tentou intervir e foi agredido”, relata a mãe horrorizada. A testemunha afirma que outros clientes e funcionários precisaram intervir para separar a briga, mas ninguém acionou a Polícia Militar ou o resgate imediatamente. A agressora e seu marido conseguiram fugir após as agressões.
Consequências do ataque
Após o ocorrido, a jovem ex-funcionária desenvolveu sérios problemas de saúde mental, incluindo um transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e um quadro de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPS). Sua mãe destacou que a garota ficou com marcas das agressões e acabou por buscar um pronto-socorro, mas desistiu do atendimento devido à longa fila no feriado de Ano Novo. No dia seguinte, um boletim de ocorrência foi registrado.
A posição do McDonald’s
A empresa, até então, afirmou ainda não ter sido formalmente notificada acerca do caso. Em nota, reforçou que é contrária a qualquer forma de violência e defendeu a importância de um ambiente seguro e respeitoso para todos os seus colaboradores. Inicialmente, segundo a defesa da ex-funcionária, houve uma proposta de acordo informal entre as partes, onde o McDonald’s se colocou à disposição para ajudar na identificação dos agressores, incluindo a disponibilização de imagens captadas pelas câmeras de segurança.
No entanto, como mencionado na ação, a empresa apenas forneceu imagens que mostravam o socorro à vítima, omitindo as gravações que evidenciariam a agressão e a fisionomia dos autores. As advogadas da funcionária alegam que a falta de ação do McDonald’s em proteger sua colaboradora e na coleta de provas configura uma violação de obrigações legais que ultrapassam a mera relação de trabalho.
Aspectos legais do caso
As defensoras alegaram que a agressão ocorreu enquanto a vítima estava desempenhando suas funções profissionais e na presença de clientes, fator que agravou o impacto emocional e moral da situação. “Independentemente de os agressores não serem empregados da empresa, os fatos ocorreram nas dependências do estabelecimento durante o expediente, o que impõe à empregadora o dever de garantir um ambiente seguro para seus trabalhadores”, afirmaram.
A agressão em questão é um forte lembrete da importância de garantir a segurança e o bem-estar dos colaboradores em ambientes de trabalho, especialmente aqueles que lidam com o público em serviços como o de fast-food. A sociedade brasileira precisa abordar com seriedade questões de violência no ambiente de trabalho e reforçar a necessidade de ações preventivas por parte das empresas.
Ainda é cedo para saber como o caso será decidido na Justiça, mas ele certamente acende um alerta sobre a responsabilidade das empresas em proteger seus funcionários e a urgência em lidar com episódios de violência e assédio em qualquer forma.
Esse relato dramático revela não apenas a vulnerabilidade dos trabalhadores em setores de serviços, mas também a relevância de uma resposta contundente e efetiva por parte das empresas e do sistema judiciário para assegurar a justiça e a proteção das vítimas.