A União Europeia reagiu com críticas severas ao acordo fechado entre o presidente americano Donald Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. As declarações aconteceram nesta semana, após o entendimento que busca equilibrar a relação comercial entre os blocos, mas que deixou muitas autoridades europeias preocupadas com os efeitos do alinhamento com Washington.
Reações europeias ao acordo com os EUA e seus custos
Chefes de Estado de diferentes países do bloco manifestaram suas opiniões sobre o entendimento, que inclui a flexibilização de tarifas e o fortalecimento de negociações comerciais. O primeiro-ministro da França, François Bayrou, afirmou que “é um dia sombrio para a aliança de povos livres, que se vê obrigada a ceder seus valores”.
Já o ministro do Comércio Exterior francês, Laurent Saint-Martin, criticou a postura da União Europeia nas negociações, afirmando que “Donald Trump só entende a força. Uma resposta mais contundente poderia ter mudado o rumo do acordo”. O presidente Emmanuel Macron ainda não se manifestou oficialmente sobre o tema.
Implementação de tarifas e impactos para a economia europeia
Ficou claro que o acordo visa reduzir as tarifas existentes, mas a um custo elevado para alguns setores, como o automobilístico alemão. Friedrich Merz, primeiro-ministro da Alemanha, comentou que o entendimento “evitou um conflito que poderia prejudicar duramente as exportações alemãs”, destacando a redução nas tarifas de 27,5% para 15% na indústria automotiva.
A ministra da Economia da Alemanha, Katherina Reiche, classificou o acordo como “desafiador”, apontando que a maior vantagem foi a menor incerteza nos negócios. A Suécia também avaliou a resolução como a “menos ruim possível”, enquanto a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afirmou que “ainda é cedo para um julgamento definitivo” sem os detalhes completos.
O tom de descontentamento e críticas internas na Europa
Algumas lideranças adotaram um tom de forte reprovação ao acordo, como Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, que afirmou que “Donald Trump devorou von der Leyen no café da manhã. Isso mostra o peso que o presidente tem nas negociações internacionais, enquanto a presidente da Comissão Europeia é vista como peso-leve”.
Especialistas afirmam que, desta vez, foram os europeus, e não Trump, quem amarelou na hora da assinatura. A análise aponta que o entendimento resultou mais de pressões internas do que de uma postura firme dos europeus, afrontando seus valores e interesses estratégicos.
Implicações e ameaças de corte no comércio
Segundo fontes próximas, há a possibilidade de a UE aplicar medidas retaliatórias caso o acordo transpareça prejuízos ao mercado comum. A crise concentrou-se também em setores específicos, como o agrícola e o industrial, que já enfrentam dificuldades por causa das tarifações americanas, especialmente no setor de calçados e aço.
O impacto na indústria brasileira, especialmente na exportação de calçados e minerais, é direto, pois as tarifas americanas, quando aplicadas, ameaçam milhares de empregos e a sobrevivência de empresas locais. O Brasil, que possui riquezas em terras-raras, acompanha de perto as movimentações internacionais, sobretudo as que envolvem os EUA, grande consumidor dessas matérias-primas.
O cenário global de negociações em meio à tensão diplomática
O momento atual evidencia um cenário mundial de negociações marcadas por incertezas, tarifas elevadas e disputas de poder. Enquanto alguns países tentam manter uma postura firme, outros se veem pressionados a ceder ante a postura agressiva de Trump, que, segundo analistas, costuma usar a ameaça de tarifas como instrumento de barganha.
Em relação ao Brasil, a situação é ainda mais delicada, com ameaças institucionais e tarifárias que implicam não apenas nos negócios comerciais, mas na própria estabilidade democrática do país. Apesar de não terem sido feitas demandas comerciais diretas ao Brasil, os EUA passaram a exigir intervenções no âmbito político e institucional, aprofundando a crise diplomática.
A expectativa é que o conflito continue se desenrolando com tensões crescentes, enquanto o mundo observa se os acordos atuais terão sombra de durabilidade ou se serão apenas mais uma etapa de negociações instáveis sob o comando de Trump.
Para aprofundar sobre as implicações do cenário internacional, acesse a reportagem completa na Globo.