Um novo estudo em busca de inovações no tratamento do Alzheimer revelou resultados promissores ao mostrar que alterações significativas no estilo de vida podem não apenas desacelerar, mas potencialmente reverter sintomas da doença. À medida que casos de Alzheimer continuam a aumentar globalmente, esse achado oferece esperança tanto para os pacientes quanto para suas famílias.
O impacto do Alzheimer na vida de Tammy Maida
Tammy Maida, uma mulher que começou a experimentar o avanço do Alzheimer em seus 50 anos, se viu perdida em meio a uma realidade de esquecimentos frequentes e confusão mental. “Eu honestamente pensei que estava perdendo a cabeça, e o medo de perder a capacidade de raciocínio era aterrador”, compartilhou Tammy em uma entrevista ao Dr. Sanjay Gupta, correspondente médico da CNN.
Após 20 semanas de um ensaio clínico randomizado que visava transformar sua dieta, rotina de exercícios, níveis de estresse e interações sociais, Tammy observou uma melhoria significativa em sua cognição. “Estou voltando. Foi realmente incrível — como eu era antes da doença ser diagnosticada”, disse a mulher de 68 anos, refletindo sobre sua recuperação. Além de melhorar seu bem-estar mental, um exame de sangue mostrou que os níveis de amiloide — uma substância associada ao Alzheimer — estavam diminuindo.
Intervenções que trazem resultados
O estudo, liderado pelo Dr. Dean Ornish, professor clínico de medicina da Universidade da Califórnia, revelou que 46% dos 26 participantes do grupo que passou por a intervenção mostraram melhorias em testes padronizados relacionados à memória e ao raciocínio. “Mais de 83% dos pacientes melhoraram ou mantiveram sua cognição durante o programa de cinco meses”, afirmou Ornish durante a Conferência Internacional da Associação Alzheimer em Toronto.
Ele observou ainda que, ao contrário das medicações disponíveis, que apresentam efeitos colaterais significativos, as mudanças no estilo de vida promovem resultados sem consequências adversas. O investimento em um estilo de vida saudável poderia trazer benefícios não apenas para os pacientes, mas também para os sistemas de saúde, ao reduzir os custos com medicamentos e tratamentos recorrentes.
Intervenção por meio de mudanças de estilo de vida
O lema do programa de intervenção de Ornish, “comer bem, mover-se mais, estressar-se menos e amar mais”, não é uma abordagem nova. Em 1990, ele já havia demonstrado que doenças cardíacas poderiam ser revertidas por meio de mudanças no estilo de vida. O programa inclui uma dieta vegana rigorosa, exercícios aeróbicos diários e sessões de redução de estresse, bem como apoio social.
No estudo mais recente, todos os participantes da intervenção receberam uma combinação de dietas rigorosas e apoio social. Além disso, os cuidados incluíram meditação, ioga e uma alimentação saudável sem alimentos ultraprocessados. A dieta era centrada em carboidratos complexos, com a maioria das calorias provenientes de vegetais, frutas, grãos integrais e proteína de origem vegetal.
Resultados encorajadores e história de esperança
Os resultados iniciais foram impressionantes e indicam que mudanças no estilo de vida podem ter um impacto real na progressão do Alzheimer. Ornish afirmou que apesar da necessidade de mais estudos para confirmar os achados em grupos maiores e mais variados, as melhorias observadas oferecem uma nova esperança para os pacientes diagnosticados precocemente.
“Muitas vezes, quando as pessoas recebem um diagnóstico de demência ou Alzheimer, são informadas de que não há futuro e que tudo só irá piorar. Isso é terrível e quase se torna uma profecia autorrealizável”, comentou Ornish, ressaltando a importância de proporcionar uma perspectiva positiva aos pacientes e suas famílias.
Esse estudo não só consegue trazer resultados práticos e positivos, como também oferece uma visão de um futuro onde mudanças na alimentação e hábitos diários podem combater os efeitos do Alzheimer de maneira eficaz e sem os tradicionais efeitos colaterais dos medicamentos. A interação social e o suporte emocional também desempenham um papel crucial na recuperação e bem-estar dos pacientes.
Com os dados atualmente disponíveis, muitos acreditam que, ao implementar estas mudanças, a progressão da doença pode ser retardada e até revertida, oferecendo uma nova luz em um campo que há muito tempo carece de novas abordagens.