Enquanto senadores brasileiros buscam apoio nos Estados Unidos para reverter um aumento de 50% nas tarifas sobre produtos nacionais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, adota uma postura contrária. Ele tem se movimentado em duas frentes: deslegitimando publicamente a missão e articulando nos bastidores para enfraquecer as reuniões da comitiva com aliados de Donald Trump.
A atuação controversa de Eduardo Bolsonaro
Diversos parlamentares, que preferem se manter anônimos, acusam Eduardo Bolsonaro de realizar um “boicote político” à missão. Relatos indicam que ele tem contatado congressistas republicanos e figuras próximas a Trump, tentando desestimular encontros com os senadores. Isso fez com que os integrantes da comitiva decidissem manter parte de suas agendas em sigilo, temendo que aliados de Eduardo possam ser alertados e desmarcarem compromissos por conta disso.
A missão da comitiva brasileira
A missão conta com a participação de oito senadores de diferentes partidos, incluindo PT, PL, MDB, PSD, Podemos e PP, que buscam construir uma articulação suprapartidária para mostrar que a decisão de Trump é prejudicial a ambos os países. Durante a agenda, os senadores já se reuniram com representantes da Câmara de Comércio dos EUA e planejavam encontros com congressistas democratas e republicanos.
A pressão e as dificuldades enfrentadas
Apesar de algumas reuniões já realizadas, a comitiva ainda não conseguiu confirmar encontros com membros do governo dos EUA. O medo de interferências de Eduardo motivou os senadores a não se pronunciarem publicamente sobre negociações em andamento, esperando garantir a realização dos encontros sem impedimentos.
Eduardo, por outro lado, não hesita em falar sobre suas intenções. Em entrevista ao SBT News, afirmou que trabalha para que a comitiva “não encontre diálogo” durante sua missão, alegando que os parlamentares ignoram a “crise institucional” no Brasil e, portanto, não têm legitimidade para representar o país no exterior. Ele reafirmou essa posição ao declarar que “com certeza não” deseja estabelecer diálogo e que suas ações são direcionadas para garantir que os senadores não consigam dialogar durante a viagem.
Conflitos internos e externações
As declarações de Eduardo geraram desconforto entre os senadores, que temem que essa politização das agendas comprometa a interlocução com as autoridades americanas e enfraqueça as negociações. Isso levou alguns membros da missão a preferirem manter sigilo sobre compromissos, como uma forma de evitar que Eduardo interferisse nas articulações.
Rogério Carvalho (PT-SE) foi um dos senadores que comentou sobre a situação, afirmando que Eduardo está fazendo o possível para inviabilizar as agendas e que reconhece seu papel como um agente que age contra os interesses do Brasil. Segundo Carvalho, a retórica de Eduardo transforma um aumento de tarifas em “chantagem contra a economia e os empregos dos brasileiros”.
As consequências da ação de Eduardo
A atuação do deputado também levanta questões sobre a união política dentro do Congresso Nacional. Apesar dos desafios, a missão segue com a intenção de manter os compromissos e mostrar uma posição clara de defesa da indústria brasileira. Os senadores acreditam que, mesmo diante de tentativas de sabotagem, é crucial alertar para os prejuízos econômicos que o tarifaço de Trump pode causar, afetando interesses estratégicos de ambos os países.
A delegação brasileira se dedicará até o final da semana a manter seus compromissos e divulgar informações sobre o impacto direto das tarifas. Os integrantes da comitiva seguirão o plano de ação, buscando demonstrar que o Congresso possui uma posição firme, independente das tentativas de Eduardo Bolsonaro de deslegitimar sua missão.
A situação, portanto, destaca um momento delicado das relações Brasil-EUA e revelações sobre as disputas políticas internas, que almejam interferir em negociações internacionais.