O fortalecimento de tarifas e tensões comerciais, impulsionado pelo governo de Donald Trump desde abril, tem provocado uma crise de confiança global. Segundo o embaixador José Alfredo Graça Lima, a situação lembra os anos 80, uma época marcada por negociações bilaterais e restrições comerciais intensas.
Brasileiros reafirmam compromisso com diálogo apesar das dificuldades
Apesar do ambiente de turbulência, o ministro Fernando Haddad afirmou que o Brasil não abandona as negociações comerciais, destacando a continuidade da disposição para dialogar, independentemente das ações dos Estados Unidos. “Vamos continuar abertos independentemente da decisão dos EUA”.
Recomendações ao Brasil diante do cenário de tensões
O vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), José Alfredo Graça Lima, avalia que a melhor estratégia econômica é liberalizar, ou seja, reduzir tarifas internas para facilitar negociações com os EUA. Para ele, essa postura pode diminuir custos de importação e abrir oportunidades para o país.
Sem espaço para retaliações
Graça Lima reforça que a Lei da Reciprocidade, que prevê retaliações tarifárias, não é recomendável neste momento. Segundo ele, essa estratégia tende a gerar mais perdas do que ganhos, além de potencialmente violar compromissos multilaterais firmados pelo Brasil.
Possibilidade de negociações e exemplos internacionais
Questionado sobre a possibilidade de o Brasil enviar uma missão diplomática aos EUA para negociar a tarifa de 50% anunciada por Trump, o diplomata afirmou que qualquer diálogo deve incluir a oferta de reduzir tarifas brasileiras sobre produtos importados pelos EUA.
O embaixador lembra, ainda, as negociações de países como o Vietnã, que chegou a oferecer tarifas zero para as importações americanas sem expectativa de reciprocidade, estratégia que, segundo ele, tem seus méritos e limites. Aviões da Embraer criticam tarifas.
O impacto das tarifas no Brasil e na economia global
Graça Lima observa que medidas unilaterais, como as previstas na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, podem gerar consequências negativas à economia brasileira, além de dificultar a abertura ao mercado americano. Segundo ele, alternativas como a liberalização comercial representam uma oportunidade de modernização e aumento da produtividade.
Para o diplomata, o momento exige separar política e economia, adotando uma postura pragmática. “Se o novo regime comercial dos EUA influenciar preços, taxas de juros e crescimento econômico, possivelmente será revisto”, afirma.
Olhando para os anos 80 e os desafios atuais
O embaixador compara o cenário atual ao dos anos 80, quando acordos de restrição voluntária e cotas foram utilizados para evitar o colapso do comércio. Hoje, essas práticas vêm sendo substituídas por medidas unilaterais que, embora mais sofisticadas, trazem riscos semelhantes de desorganização econômica.
Graça Lima aponta que a melhor estratégia para o Brasil é a liberalização, com redução gradativa de tarifas de importação, promovendo maior competitividade e desenvolvimento econômico mútuo. Fonte: Globo
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