Brasil, 30 de julho de 2025
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Catequistas da Amazônia se reúnem para fortalecer a identidade cultural

Mais de 300 catequistas da Amazônia discutem sobre a iniciação cristã e a importância da diversidade cultural nas comunidades indígenas.

Entre os dias 24 e 27 de julho, mais de 300 catequistas da Amazônia se reuniram em Castanhal, no Pará, para o evento denominado Nortão da Catequese. Com o tema “Iniciação à Vida Cristã na Amazônia: Anúncio, Mistagogia e Ecologia Integral”, o encontro promoveu um espaço de partilha de experiências e reflexões sobre a catequese, contribuindo para o fortalecimento da pluralidade da identidade amazônica.

A experiência de catequistas indígenas

Uma das highlight do evento foi a apresentação da catequista indígena Deusimar Uahó, pertencente ao povo desano e membro da paróquia Nossa Senhora Aparecida, na diocese de São Gabriel da Cachoeira. Ela compartilhou experiências sobre a catequese no Alto Rio Negro, que abrange uma vasta área com 294 mil quilômetros quadrados, habitada por 24 povos originários. Em seu discurso, Deusimar enfatizou a importância das cosmovisões indígenas, onde a catequese é vista como “nosso descobrir a Deus e nossa relação com Ele, com os outros, com a natureza”.

De acordo com a catequista, a história da catequese indígena na região é marcada pela necessidade de ressignificação após a chegada dos missionários e o processo de colonização. “A boa nova da cultura dos povos indígenas acolhe a boa nova de Jesus,” afirmou Deusimar. Para ela, a implantacão da catequese na comunidade é que verdadeiramente contribui para a formação espiritual dos indivíduos, que se dá através dos rituais e práticas tradicionais de suas culturas.

Catequese indígena: descobrir Deus e nossa relação com Ele
Catequese indígena: “descobrir Deus e nossa relação com Ele”

O processo de ressignificação

Deusimar destacou a ressignificação do sagrado que está em andamento nos povos indígenas, que buscam valorizar suas tradições enquanto caminham paralelamente com o ensinamento da Igreja. “A nossa partilha, a hospitalidade, as nossas orações e a valorização dos catequistas que vêm da tradição são vitais para a nossa identidade e cultura,” explicou ela. Este cenário de interculturalidade tem se mostrado um caminho viável para a教義 religiosa fortalecida na região, onde a resiliência cultural dos povos indígenas é valorizada.

O trabalho missionário no Rio Negro foi historicamente confiado aos Salesianos, que têm mantido uma relação estreita com as comunidades indígenas, especialmente após o Concílio Vaticano II e a criação do Documento de Santarém, em 1972. Naquela época, os internatos foram fechados, e a catequese começou a ser realizada diretamente nas comunidades, criando um ministério de catequistas que foram fundamentais para a formação religiosa local.

Catequese indígena
Catequese indígena

O diálogo intercultural na catequese

Desde 2015, a missão da Catequese ganhou um novo impulso com a ênfase no diálogo intercultural. A consideração dos ensinamentos de Jesus e seu acolhimento nas culturas locais é um foco importante do Sínodo para a Amazônia, que recebeu grande apoio do Papa Francisco. O atual bispo da região, dom Raimundo Vanthuy, tem promovido um espaço de participação ativa para os indígenas nas discussões e implementação da catequese.

“O bispo é um pastor sinodal que busca aprender com a realidade local. Ele tem se mostrado muito receptivo em expressar e manifestar a fé a partir dos valores indígenas,” afirmou Deusimar, ressaltando a importância do apoio recebido para participar do Nortão da Catequese. A presença ativa dos indígenas em encontros religiosos é uma estratégia que tem sido bem recebida, contribuindo para a valorização de sua cultura e identidade.

Catequese indígena
Catequese indígena

O Nortão da Catequese, portanto, não apenas reforça a missionação cristã, mas também funciona como um espaço de reconhecimento e valorização cultural, onde as tradições e práticas indígenas são respeitadas e integradas ao contexto religioso. A catequese está em transformação, para se tornar um processo que não só ensina, mas também dialoga e respeita a rica diversidade da Amazônia.

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