Nesta terça-feira, o governo brasileiro preparava uma proposta aos Estados Unidos para excluir itens essenciais, como suco de laranja, café e aviões Embraer, do pacote de tarifas de 50% anunciado na semana passada. Essa iniciativa faz parte de uma estratégia para evitar impactos econômicos graves caso as tarifas entrem em vigor na próxima sexta-feira, segundo fontes próximas às negociações.
Negociações e alternativas para evitar o tarifaço
De acordo com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, as autoridades americanas estão avaliando a possibilidade de isentar alimentos e recursos naturais de tarifas, como café e cacau, embora não tenham mencionado especificamente o parceria com o Brasil. Ainda assim, o governo brasileiro pretende que produtos como o suco de laranja e os aviões Embraer também fiquem fora da lista de tarifas.
Impactos previsíveis para o setor de suco de laranja
Se as tarifas de 50% forem aplicadas, o setor de suco de laranja brasileiro pode enfrentar prejuízos de até R$ 4,3 bilhões. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial do produto, com 95% de sua produção destinada ao exterior, sendo que 42% vai para os Estados Unidos. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na safra 2024/25, o país exportou cerca de 307.673 toneladas, gerando uma receita de aproximadamente US$ 1,31 bilhão.
A tarifa de 50% sobre o suco brasileiro pode provocar um aumento de até US$ 792 milhões na cobrança total de impostos, considerando a alíquota adicional de 10% anunciada em abril. Este valor representa um aumento de cerca de 456% em relação aos impostos pagos na safra 2024/25, que somaram US$ 142,4 milhões, conforme a CitrusBR.
Perspectivas para o café e a Embraer
O Brasil é o maior fornecedor de café aos EUA, representando 17% do total exportado entre janeiro e maio deste ano. Além do setor de suco de laranja, há também intenção do governo de proteger os produtos da Embraer, maior fabricante de aviões do país, cuja unidade nos EUA emprega cerca de 3 mil funcionários e possui US$ 3 bilhões em ativos. O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, também está em Washington defendendo a isenção dos seus produtos.
Outro ponto estratégico do Brasil na disputa comercial é o potencial de compra de US$ 21 bilhões em equipamentos de fornecedores norte-americanos até 2030, com os EUA respondendo por 45% do mercado de jatos comerciais e 70% de jatos executivos exportados pela fabricante brasileira.
Próximos passos na negociação
A expectativa é que nas próximas horas o governo brasileiro envie uma proposta oficial aos EUA, buscando evitar o impacto negativo de tarifas que podem afetar setores estratégicos da economia, sobretudo alimentos e aviação. A decisão final depende do acordo entre as partes até a próxima sexta-feira, quando as tarifas estão previstas para entrar em vigor.
Para mais detalhes sobre as negociações e possíveis cursos de ação, consulte a reportagem completa no O Globo.