Brasil, 29 de julho de 2025
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A devoção extrema dos torcedores do Vasco e a pesquisa que revela sentimentos

A pesquisa revela a relação intensa dos torcedores do Vasco com o clube, entre paixão e frustração.

A relação dos torcedores com seus clubes de coração é mais do que uma simples preferência esportiva; é uma declaração emocional que pode moldar vidas. Um exemplo marcante dessa ligação intensa é a história de Raísa Nobre, uma fervorosa adepta do Vasco da Gama. Para ela, o time não é apenas um clube; é uma parte intrínseca de sua identidade, algo que a consome e a acolhe, como muitas torcidas ao redor do Brasil. A princípio, Raísa mostra-se orgulhosa ao vestir o escudo do clube, mas rapidamente a conversa se transforma em um desabafo sobre a dor que vem atrelada a essa devoção.

O custo emocional da torcida

Raísa explica que essa dedicação ao Vasco traz um “custo emocional”. “O Vasco precisa muito da gente, e isso nos consome ao longo dos dias, meses, anos. E tem essa coisa de que, se não estivermos presentes, a situação vai piorar cada vez mais. É tipo um relacionamento abusivo”, compara, referindo-se à má fase que o time vem enfrentando há mais de uma década. Para os torcedores do Vasco, cada derrota é um golpe emocional. “Afeta demais. Muito mais do que gostaríamos. Quanto mais o Vasco se afunda, mais você vai afundando junto. Todo mundo sente muito, chora. É como se fosse um familiar”, reflete Raísa.

Essas emoções complexas vividas pelos torcedores foram captadas pela “Pesquisa O GLOBO/Ipsos-Ipec”, que analisou a paixão e o engajamento dos adeptos de futebol no Brasil. A pesquisa revelou que torcedores de algumas das maiores equipes do país, incluindo Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Vasco, têm ligações emocionais variadas com seus times, demonstrando a diversidade no fanatismo.

Fanatismo em números

Os dados da pesquisa permitiram uma avaliação detalhada do nível de fanatismo, onde os torcedores foram convidados a avaliar sua paixão de 0 a 10. A pesquisa questionou ainda sobre a frequência com que assistem a jogos, se deixam de fazer algo importante para ver partidas e como lidam com derrotas. O resultado mostrou que os flamenguistas se destacam com a maior média de fanatismo (6,6), com muitos deles atribuindo notas altas como 9 e 10, refletindo uma forte conexão com o sucesso atual do clube.

João Ricardo Cozac, presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte, aponta que esse fenômeno vai além da situação esportiva: “Falamos de autoimagem coletiva fortalecida. A sequência de títulos recentes, aliada à enorme visibilidade midiática, retroalimenta a paixão”. Assim, a identificação do torcedor com o time se intensifica, levando-os a incorporar a vitória do clube como uma extensão de sua própria identidade.

Corinthianos e vascaínos: emoções polarizadas

Entre os torcedores do Corinthians e do Vasco, as emoções são igualmente intensas. Ambos os clubes têm torcedores que classificam seu fanatismo em níveis elevados, especialmente as notas mais altas (9 e 10). Entretanto, as nuances em suas respostas revelam um quadro distinto. Enquanto os corintianos tendem a estar sempre presente, os vascaínos apresentam uma proporção significativa de torcedores menos engajados, divididos igualmente entre os extremos do fanatismo.

A situação é respeitada por Nayara Perone, uma torcedora apaixonada do Corinthians, que compartilha que sua vida gira em torno do clube, afirmando que aprendeu a ler para comentar as escalações de jogos: “Levo isso como uma religião.” Para os vascaínos, a história é diferente. As décadas de má fase somadas às frequentes decepções parecem ter enriquecido a dor e o amor em suas relações com o clube, resultando em uma conexão emocional intensa.

Palmeiras e São Paulo: uma abordagem diferente

Por outro lado, os torcedores do Palmeiras e do São Paulo apresentam uma estabilidade emocional diferente. Enquanto os palmeirenses se caracterizam como regulares, a maioria avaliando seu fanatismo com notas medianas, os torcedores do São Paulo estão em uma situação similar, longe dos extremos. As situações contrastam, mas ambos os grupos parecem partilhar uma ausência de altos e baixos emocionais, resultando em um “modo banho-maria” afetivo.

“A segurança em vencer com frequência diminui o impacto emocional, o que não quer dizer falta de amor”, explica Cozac. A pesquisa, realizada entre 5 e 9 de junho de 2025, foi baseada em uma amostra robusta de 2000 pessoas em 132 municípios brasileiros, refletindo a pluralidade e a intensidade da paixão pelo futebol no país.

Essa análise revela que, apesar das diferenças de engajamento e emoção, o amor pelo futebol nos une, formando identidades únicas em cada torcedor. E para Raísa Nobre e tantos outros apaixonados pelo Vasco, esse amor é uma experiência cheia de altos e baixos — um reflexo do que significa ser realmente torcedor.

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