Os Estados Unidos anunciaram a suspensão temporária de restrições à exportação de produtos de tecnologia para a China, visando reforçar o acordo comercial entre as duas nações, conforme reportado pelo jornal Financial Times nesta segunda-feira (28). A medida faz parte de uma estratégia de entendimento para reduzir tensões e avançar nas negociações em meio à guerra tarifária.
EUA aliviam controles de exportação de tecnologia para a China
Segundo o FT, o Departamento de Comércio dos EUA foi instruído, nos últimos meses, a diminuir medidas rígidas contra a China, incluindo a retomada de vendas de chips e componentes tecnológicos. A decisão ocorre após um período de restrições severas, implementadas pelo governo de Donald Trump, que chegou a bloquear exportações de chips avançados, como o Nvidia H20, destinado ao mercado chinês.
Após conversas com o CEO da Nvidia, Jensen Huang, o governo Biden permitiu a retomada das exportações, refletindo uma mudança na política norte-americana em busca de maior cooperação econômica. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, anunciou que essa flexibilização faz parte das negociações envolvendo terras raras e ímãs, recursos estratégicos na guerra tecnológica.
Preocupações de especialistas e críticas às mudanças
Entretanto, a decisão gerou críticas de especialistas em segurança e ex-funcionários do governo, incluindo o ex-vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA, Matt Pottinger. Em uma carta, eles afirmaram que a medida representa um erro estratégico, comprometendo a vantagem econômica e militar dos Estados Unidos na área de inteligência artificial.
Trégua tarifária entre EUA e China é estendida por 90 dias
Paralelamente, os EUA e a China estenderão sua trégua tarifária por mais 90 dias, conforme informa o jornal chinês “South China Morning Post”. A expectativa é de que as negociações, agendadas para Estocolmo nesta semana, resultem na manutenção do compromisso de não impor tarifas adicionais ou medidas de escalada durante esse período.
Fontes próximas às negociações indicam que Pequim pressionará por uma redução das tarifas sobre o fentanil, atualmente de 20%, alegando que o governo Trump não adotou medidas suficientes para conter o fluxo da droga. Uma possível concessão seria a suspensão de taxas extras, com uma tarifa básica de 10% cara todas as importações.
Declarações do presidente Donald Trump
Ao chegar para reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Escócia, Donald Trump afirmou estar próximo de um acordo com a China. “Estamos muito perto de um acordo com a China. Fizemos avanços, mas ainda falta definir os detalhes”, declarou.
Crise na guerra tarifária e avanços nas negociações
Em maio, os EUA e a China haviam concordado em reduzir temporariamente tarifas mútuas por 90 dias — os EUA baixaram de 145% para 30%, e a China de 125% para 10%. Entretanto, Trump acusou Pequim de violar o acordo pouco tempo depois, levando a uma intensifieda troca de tarifas e retaliações, com ambos os lados elevando as taxas a níveis elevados.
Desde então, a tensão comercial se manteve, mesmo com sinais de aproximação e esforços para retomar negociações. Segundo analistas, a suspensão temporária das restrições tecnológicas pode sinalizar uma nova fase na relação entre as duas maiores economias do mundo, com potencial para maior estabilidade na guerra tarifária.
De acordo com o G1, essa mudança é vista como uma iniciativa importante de ambos os lados para retomar o diálogo e evitar uma crise maior no comércio internacional.
