O Dicastério para a Comunicação do Vaticano reiterou na última semana seu posicionamento favorável à solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino, após o anúncio da França de reconhecer oficialmente a Palestina como Estado. A afirmação ocorre em meio às tensões crescentes na região, agravadas pelo conflito entre Israel e Hamas.
Vaticano defende reconhecimento da Palestina
Em editorial divulgado em 27 de julho, Andrea Tornielli, responsável pela comunicação do Vaticano, destacou a importância do reconhecimento internacional do Estado Palestino, defendendo uma solução pacífica baseada na coexistência de Israel e Palestina com fronteiras seguras. Segundo ele, “a comunidade internacional deve trabalhar para a realização de uma solução de dois Estados que garanta direitos iguais e segurança a ambos.”
Tornielli também citou a assinatura, em 2015, de um tratado entre o Vaticano e a Autoridade Palestina, que reafirma o direito do povo palestino a um Estado independente, soberano, democrático e viável. O documento foi considerado uma etapa significativa na diplomacia vaticana para promover a paz na região.
Posição do Papa e histórico diplomático
Papa Francisco foi o primeiro papa a usar oficialmente o termo “Estado de Palestina”, durante visita à Terra Santa em 2014. Desde então, o Vaticano tem apoiado esforços para uma solução negociada, reconhecendo o direito de ambos os povos à autodeterminação. Segundo Tornielli, o pontífice busca fortalecer o diálogo entre israelenses e palestinos, promovendo o reconhecimento mútuo e o respeito às fronteiras.
O Papa Bento XVI também reconheceu o direito do povo palestino a um Estado na sua época, assim como João Paulo II estabeleceu relações diplomáticas com ambos os lados no início dos anos 1990, promovendo o entendimento internacional.
Reações internacionais e controvérsias
Enquanto o Vaticano apoia a iniciativa palestina, muitos países ocidentais, como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Itália e Austrália, rejeitaram a proposta francesa de reconhecer oficialmente a Palestina como Estado. O próprio presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que pretende oficializar o reconhecimento na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro, durante o período de sessões do órgão.
Reações contrárias também vieram de Israel. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou a decisão de Macron como um incentivo ao terrorismo, afirmando que “um Estado Palestino nestas condições seria uma plataforma para destruir Israel, e não um parceiro de paz”.
Perspectivas futuras e esforços diplomáticos
Tornielli expressou esperança de que uma conferência internacional dedicada à resolução do conflito possa avançar na concretização de uma solução definitiva. Ele destacou que o reconhecimento internacional é fundamental para garantir os direitos do povo palestino e a estabilidade na região.
Enquanto o tema divide opiniões ao redor do mundo, a posição do Vaticano continua sendo de apoio ao diálogo e à criação de um Estado palestino sob condições diplomáticas favoráveis, ressaltando a importância de um acordo duradouro para a paz entre israelenses e palestinos.