No dia 28 de julho, o tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima, que está preso desde novembro de 2024, compareceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prestar depoimento no caso dos “kids pretos”, um grupo de militares acusados de monitorar autoridades e planejar ações golpistas. Durante o interrogatório, Hélio Ferreira afirmou ser inocente e negou categoricamente qualquer envolvimento com atividades criminosas.
A defesa do militar
Na sua declaração ao STF, Hélio Ferreira Lima enfatizou: “Não segui ninguém, não fiz absolutamente nada disso”. Ele agradeceu ao juiz auxiliar, Rafael Henrique Tamai, pela oportunidade de expor sua versão dos fatos. Além disso, o militar ressaltou sua trajetória, afirmando que é natural de uma comunidade conhecida do Rio de Janeiro, mas que nunca usou drogas ou se envolveu em atividades ilegais.
“Nasci e tive parte da minha criação num complexo famoso do Rio de Janeiro e nunca peguei num cigarro de maconha, nunca fiz nada de errado. Escolhi ser um soldado do Estado”, declarou o tenente-coronel.
Hélio Ferreira demonstrou estar angustiado com as acusações que pesam sobre ele. “A maior dor que sinto é ver parte do Estado tentando me transformar em criminoso, quando na verdade fiz a escolha de não cometer crimes”, afirmou durante seu depoimento. Ele pediu que sua vida pregressa como oficial do Exército fosse considerada durante o julgamento e, ao final de sua fala, prestou continência, em um gesto que simboliza respeito e lealdade.
Entendendo os “kids pretos”
O núcleo dos chamados “kids pretos” é formado por nove militares de alta patente e um agente da Polícia Federal, todos acusados de tentativas de ataque ao sistema eleitoral e de planejar ações que promoviam a ruptura institucional. Entre as acusações mais graves estão a articulação para a prisão de autoridades que poderiam se opor a um suposto golpe. O grupo é investigado no contexto da Operação Luneta, que mapeou estratégias de ação e riscos associados a essas iniciativas.
Durante seu depoimento, Hélio Ferreira Lima contestou a interpretação da Polícia Federal sobre as ações relacionadas ao núcleo. Ele descreveu os planos como “cenários hipotéticos”, afirmando que as informações apresentadas pela PF eram distorcidas. Quando questionado sobre a suposta intenção de realizar prisões de “juízes supremos”, ele rechaçou a acusação, dizendo que “é um cenário totalmente hipotético” e que não havia planos de agir de forma ilegal.
Punições e consequências
Os membros do núcleo 3 respondem a acusações graves, como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado por violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, além de deterioração de bem tombado. O desdobramento dessas investigações e os processos judiciais que se seguem têm gerado repercussões significativas na sociedade brasileira e na hierarquia das forças armadas.
O depoimento de Hélio Ferreira Lima no STF e os desdobramentos do caso dos “kids pretos” estão em foco, à medida que o Brasil busca compreender a profundidade das ameaças à sua democracia. A presença de figuras militares em contextos desse tipo levanta questões cruciais sobre a ética, a lealdade e a legitimidade das ações dos agentes do Estado.
Com o avanço dos interrogatórios e as consequências que essas revelações podem trazer, a sociedade aguarda por uma resposta clara das instituições sobre a integridade do sistema democrático do Brasil.