A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, passou de 5,1% para 5,09% neste ano, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (28). Esta é a nona redução consecutiva na estimativa, divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), que reúne as expectativas das instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
Perspectivas de inflação para 2026 a 2028
Para os anos seguintes, as projeções também foram ajustadas: a estimativa de inflação para 2026 caiu de 4,45% para 4,44%. Para 2027 e 2028, as previsões são de 4% e 3,8%, respectivamente. Apesar dessas reduções, a estimativa para 2025 permanece acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,5% e 4,5%.
Embora o índice tenha desacelerado nos últimos meses, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 5,35%, marcando o sexto mês consecutivo acima do limite superior da meta. Em junho, a inflação oficial, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fechou em 0,24%, após nove meses de alta nos preços dos alimentos. Mesmo assim, o índice permanece acima do teto da meta.
Impacto no regime de metas e ações do Banco Central
O período de mais de seis meses com IPCA acima de 4,5% configura o estouro da meta sob o novo regime adotado em 2024. Nessas ocasiões, o presidente do Banco Central precisa divulgar uma carta ao ministro da Fazenda, explicando as causas do descumprimento, as medidas tomadas e o prazo esperado para retorno à meta.
Juros básicos e política monetária
Para conter ou estimular a inflação, o BC utiliza a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 15% ao ano, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar do recuo recente da inflação, o colegiado elevou os juros em 0,25 ponto percentual na última reunião, somando o sétimo aumento consecutivo, em um ciclo de aperto monetário. O Copom afirmou que manterá os juros nesse patamar nas próximas reuniões, mas não descartou novos aumentos, caso a inflação volte a acelerar.
O mercado financeiro, por sua vez, ficou surpreso com a manutenção dos juros, e a estimativa é que a Selic termine 2025 em 15%. Para 2026, a previsão de analistas é de uma queda para 12,5%, e para 2027 e 2028, a expectativa de redução é para 10,5% e 10% ao ano, respectivamente. A elevação da taxa visa conter a demanda aquecida e encarecer o crédito, embora possa dificultar a expansão da economia.
Perspectivas para o PIB e câmbio
As instituições financeiras mantiveram a previsão de crescimento da economia brasileira em 2,23% para 2025. Para os anos de 2026 a 2028, a expectativa é de expansão do PIB em torno de 2%. O Produto Interno Bruto, que soma a produção de bens e serviços, cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025, puxado pela agropecuária, e fechou 2024 com alta de 3,4%, o quarto ano consecutivo de crescimento, o maior desde 2021.
Quanto à cotação do dólar, a estimativa é de R$ 5,60 no final de 2025 e R$ 5,70 em 2026. Essas projeções indicam estabilidade no valor da moeda frente ao real nos próximos anos.