Às vésperas da implementação de uma tarifa de 50% pelo governo dos Estados Unidos, especialistas estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil pode perder até R$ 175 bilhões, caso a medida seja concretizada. O impacto econômico ocorre em um cenário de negociações tensas entre os dois países, agravado pela ausência de avanços nas conversas com Washington.
Tarifa de 50% dos EUA e seus efeitos na economia brasileira
Na última semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a continuidade da sobretaxa de 50% sobre aço e alumínio importados, após uma tentativa de acordo com a União Europeia que reduziu tarifas para 15%. Essa postura preocupa o mercado financeiro e a indústria brasileira, que depende das importações e exportações para sustentar o crescimento.
Segundo estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), a adoção de tarifas semelhantes poderia reduzir o PIB brasileiro em até R$ 175 bilhões, o equivalente a cerca de 3% do valor atual, em um cenário pessimista. O diretor do IBRE, João Silva, afirma que “o impacto será sentido principalmente na indústria e no comércio exterior, que sofrerão aumento nos custos e redução na competitividade”.
Contexto das negociações entre Brasil e EUA
Dificuldade de avanços nas tratativas
O governo brasileiro tem enfrentado dificuldades em negociar a retirada ou redução das tarifas americanas. O presidente Lula (PT) afirmou que há uma falta de canal aberto com a administração de Trump, destacando que as conversas diplomáticas não chegam ao nível necessário para um entendimento.
Na semana passada, autoridades brasileiras indicaram que Trump deseja “punir” o Brasil economicamente, embora não haja justificativa clara para essa medida, já que as relações comerciais ainda apresentam boas perspectivas. Bolsonaro e seus assessores tentam negociar uma solução, mas o impasse persiste.
Impactos no mercado e na cotação do dólar
Com a ansiedade gerada pela possibilidade de tarifas elevadas, o dólar chegou a abrir a sessão desta segunda-feira (28) em alta de 0,30%, cotado a R$ 5,5781. O índice Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, registrou uma leve alta de 0,11% na semana, após quedas expressivas no mês.
Apesar da melhora pontual na semana, o acumulado do mês mostra uma retração de 3,84%, enquanto o rendimento do ano ainda apresenta alta de 11,01%. A instabilidade do cenário internacional e a falta de avanços nas negociações reforçam a vigilância dos investidores na análise dos riscos econômicos.
Afetações do acordo entre EUA e União Europeia
Nos últimos dias, as negociações entre os EUA e a União Europeia avançaram, com expectativas de um acordo que estabeleça uma tarifa de 15% para o bloco. Diplomatas ouvidos pelo jornal “Financial Times” afirmam que há esperança de evitar sobretaxas maiores, visto que a decisão ainda depende de uma votação final até 1º de agosto.
Por sua vez, o Brasil acompanha atento a esse movimento, consciente de que a guerra comercial americana pode prejudicar suas exportações e investimentos externos. Analistas comentam que a falta de alinhamento nas negociações globais aumenta a vulnerabilidade econômica do país.
Perspectivas para o Brasil
Lula reforçou que, apesar do cenário adverso, o governo continuará buscando canais diplomáticos para evitar danos mais profundos à economia nacional. Uma comissão de senadores partiu para os EUA na tentativa de abrir negociações, embora haja receio de que as autoridades americanas mantenham uma postura rígida.
Especialistas alertam que a valorização do dólar e o aumento das tarifas podem desacelerar o crescimento econômico, além de pressionar a inflação. Investidores permanecem atentos às próximas movimentações e às decisões finais dos governos envolvidos.
O impacto dessa tensão comercial sobre o PIB brasileiro e suas perspectivas de crescimento exigirá atenção constante das autoridades e do mercado ao longo das próximas semanas.
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