Brasil, 28 de julho de 2025
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Pesquisadores planejam experimentos secretos para criar nuvens

Um projeto bilionário busca desenvolver tecnologia para contrabalançar o aquecimento global, mas levanta questões éticas sobre interferência climática.

A equipe de pesquisadores da Califórnia ganhou notoriedade no ano passado após um experimento abortado em um porta-aviões aposentado que visava testar uma máquina destinada à criação de nuvens. Contudo, por trás das cortinas, eles planejavam um estudo muito maior e potencialmente mais arriscado sobre equipamentos de pulverização de água do mar, que poderiam eventualmente ser utilizados para atenuar os raios do sol. Este projeto multimilionário pretende gerar nuvens sobre uma área do oceano maior que Porto Rico.

Ataques e preocupações sobre geoengenharia

Os detalhes expostos em solicitações de financiamento, e-mails, mensagens de texto e outros registros obtidos pela POLITICO’s E&E News levantam novas questões sobre uma iniciativa bilionária que supervisionou o breve experimento de geoengenharia solar na Baía de São Francisco. A pesquisa em questão busca acelerar o desenvolvimento de tecnologias que possam combater o aquecimento global – uma tarefa cada vez mais difícil à medida que as iniciativas para abordar as causas raiz da mudança climática, como a queima de combustíveis fósseis, enfrentam retrocessos nos EUA e na Europa.

A ideia de manipular o clima gera forte reação política e teorias da conspiração, dificultando a realização de testes em pequena escala. O experimento de 2023, liderado pela Universidade de Washington e planejado para durar meses, foi interrompido em cerca de 20 minutos por autoridades da cidade de Alameda, que alegaram não ter sido informadas sobre o projeto previamente.

Planos maiores e a resposta pública

Ainda antes do experimento, os pesquisadores se comunicavam com doadores sobre a realização de um teste de criação de nuvens em uma área de 10 mil km² ao largo das costas da América do Norte, Chile ou África Central, segundo mais de 400 documentos internos obtidos pela E&E News. A magnitude do projeto proposto provocou um choque entre especialistas e críticos.

Segundo Sikina Jinnah, professora de estudos ambientais da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, “Alameda foi um trampolim para algo muito maior, e não houve envolvimento com comunidades locais. Isso é um erro sério.” Jinnah e outros especialistas apontaram que os pesquisadores ignoraram lições do passado sobre a importância de construir apoio comunitário para estudos relacionados à alteração do clima.

A necessidade de regulamentação

A geoengenharia solar, que inclui uma variedade de tecnologias hipotéticas para reduzir o aquecimento global, permanece em grande parte não regulamentada no nível federal. Abordagens amplamente estudadas incluem a liberação de partículas de sulfato na estratosfera ou a pulverização de aerossóis de água do mar sobre o oceano. No entanto, críticos advertem que tais tecnologias podem também desestabilizar padrões climáticos e gerar impactos indesejados na agricultura e na vida selvagem.

Um número crescente de cientistas e cidadãos exige uma proibição do desenvolvimento da geoengenharia, argumentando que “não pode ser governada globalmente de forma justa, inclusiva e eficaz.” Pesa também o fato de que, caso as tecnologias de geoengenharia sejam implementadas e posteriormente interrompidas abruptamente, pode ocorrer um “choque de desligamento”, com aumento repentino das temperaturas.

Desafios e futuro da geoengenharia solar

Com a recusa do experimento na cidade de Alameda e o crescente ceticismo, o futuro da geoengenharia solar se mostra incerto. O programa, que já contava com alguns financiamentos federais, esperava mais apoio do governo, mas agora parece distante, principalmente com a reeleição de Trump, que tem se oposto a iniciativas que visam limitar o aquecimento global.

Por trás das mudanças nos planos, figuras proeminentes como o bilionário da criptomoeda Chris Larsen e a filantropa Rachel Pritzker continuam a buscar financiamento para as pesquisas. Larsen ressaltou a importância de complementar a transição energética rápida com pesquisas sobre uma gama mais abrangente de soluções climáticas.

À medida que as mudanças climáticas se intensificam, a necessidade de responder proativamente a esses desafios torna-se cada vez mais urgente. Entretanto, pesquisadores e instituições precisam gerenciar cuidadosamente a percepção pública e as preocupações éticas que cercam a geoengenharia solar.

No contexto atual, o engajamento comunitário e a transparência sobre os métodos e consequências são essenciais para restaurar a confiança pública em projetos que visam manipular o clima. A pesquisa é necessária, mas deve ser conduzida com responsabilidade e diálogo aberto com as comunidades afetadas.

Embora os manifestantes e as autoridades tenham bloqueado o teste em Alameda, a discussão global sobre geoengenharia solar e suas implicações éticas deve continuar, assim como os esforços para desenvolver soluções sustentáveis que respeitem o equilíbrio ecológico da Terra.

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