Com um olhar voltado para o futuro do diálogo inter-religioso, foi assinado no Vaticano, no dia 28 de julho, um Memorando que promete reforçar a cooperação entre a Igreja e o Estado, particularmente em relação às relações inter-religiosas. O cardeal George Koovakad, prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, destacou a importância deste acordo, que busca promover valores essenciais como “a verdade, a justiça e a paz”, conforme o desejo do Papa Leão.
Um histórico de diálogo e cooperação
O acordo representa uma evolução significativa nas relações entre a Santa Sé e a República do Azerbaijão, com raízes que vão até o Concílio Vaticano II. Este processo, que tem sido construído ao longo de décadas, teve um marco importante com o Acordo Bilateral de 2011. Segundo o cardeal Koovakad, o novo Memorando de Entendimento é um “sinal claro do desejo compartilhado” de cooperar em prol da formação integral de cada pessoa, tanto do ponto de vista religioso quanto cidadão.
Durante a cerimônia de assinatura, o cardeal fez questão de saudar as autoridades azerbaijanas presentes, ressaltando a longa trajetória de diálogo e estima recíproca entre as duas partes. Ele observou que nas últimas décadas, tanto a Santa Sé quanto o governo do Azerbaijão têm demonstrado um compromisso mútuo em desenvolver e fortalecer suas relações, seguindo as diretrizes estabelecidas por Papas anteriores, como São João Paulo II e Papa Francisco.
O papel dos Papas na construção do diálogo
O cardeal Koovakad também recordou as iniciativas passadas que ajudaram a moldar o espaço de colaboração atual. Ele mencionou a visita de 2008 ao Azerbaijão, onde o cardeal Bertone expressou a proximidade de Bento XVI ao povo azerbaijano. O reconhecimento dessas relações históricas mostra a intenção de construir um futuro mais harmonioso entre diferentes religiões.
Este novo memorando de entendimento se baseia no acordo de 2011, que já havia sido um passo significativo para a promoção da liberdade religiosa na República do Azerbaijão, conforme estabelecido em sua Constituição. Para o cardeal, esse novo documento não só consolida as relações, mas também se coloca como “um instrumento valioso para promover o princípio da liberdade religiosa”, demonstrando respeito à comunidade religiosa minoritária do país e mostrando como cristãos e muçulmanos podem viver em harmonia.
Desafios e perspectivas futuras
A importância do diálogo inter-religioso, particularmente no contexto atual, foi enfatizada pelo cardeal, que afirmou que o Papa Francisco tem feito desse diálogo um fator crucial para a promoção de uma “cultura de paz”. Esta visão está alinhada com o Documento sobre a Fraternidade Humana, assim como com a Declaração Nostra Aetate, que celebrará seu 60º aniversário em outubro de 2025. O cardeal Koovakad não deixou de lembrar que, desde 1965, surgiram novas áreas de cooperação, refletindo preocupações contemporâneas, como a proteção do meio ambiente e o uso ético da inteligência artificial.
Dessa maneira, o diálogo inter-religioso não só busca conciliar diferenças, mas também promover uma agenda comum que atenda às necessidades urgentemente sentidas pela sociedade contemporânea. O cardeal Koovakad concluiu, afirmando que “gestos concretos de cooperação em questões tão importantes contribuirão para a construção de um mundo mais pacífico”, um anseio latente no coração de todos aqueles que aspiram por um futuro melhor.
O Memorando assinado representa, portanto, não apenas um acordo formal, mas um compromisso renovado entre a Santa Sé e a República do Azerbaijão, que poderá servir de modelo para outras nações que buscam fortalecer suas relações inter-religiosas em prol de uma convivência pacífica e respeitosa.