Uma das vítimas do maior ataque hacker à história do sistema financeiro brasileiro, Vanessa Ritacco, revelou ter sido involuntariamente envolvida em uma operação criminosa. Ela descobriu que uma conta em seu nome recebeu cinco depósitos de R$ 5 milhões cada, embora nunca tenha aberto conta bancária ou autorizado qualquer operação financeira.
Vítimas involuntárias e esquema bilionário
Vanessa afirmou, em entrevista ao Fantástico, que ficou surpresa ao perceber que seu nome estava associado a um esquema envolvendo desvio de recursos de mais de R$ 270 milhões. “Nunca abri conta, desconheço tudo. Agora aparece meu nome num esquema enorme, gigantesco que eu ganhei R$ 20 milhões, R$ 25 milhões… É um crime usar meu nome. E a pessoa tem que pagar”, declarou.
Como o ataque ocorreu e o papel das fintechs
Segundo investigações, os criminosos invadiram o sistema do Banco Central no final de junho, após subornar João Nazareno Roque, programador da empresa CEM, autorizada a operar no sistema de pagamentos. Por R$ 15 mil, João inseriu códigos maliciosos aos domingos à tarde, permitindo acesso às contas mantidas pelos bancos no sistema do BC.
O dinheiro desviado foi pulverizado em centenas de contas, muitas ligadas a fintechs de fachada. Um dos nomes envolvidos foi a Soff Soluções e Pagamentos, uma das principais fintechs utilizadas pelos hackers. Apesar de afirmar ter sede na Avenida Paulista, funcionários negaram qualquer operação no local, e a fintech foi suspensa pelo Banco Central. Desde maio, acumula 74 reclamações na Justiça de São Paulo.
Reações das vítimas e ações oficiais
Após a descoberta, Vanessa registrou queixa na polícia e acionou o Banco Central na tentativa de identificar os responsáveis. No entanto, não conseguiu localizar a fintech Soff, que foi um dos principais canais de dispersão dos recursos ilegais. Empresas e pessoas que tiveram os nomes envolvidos alertam para a necessidade de ferramentas que possam prevenir esse tipo de golpe.
Consequências e próximos passos
Especialistas alertam que o avanço das invasões digitais reafirma a vulnerabilidade do sistema financeiro e aumenta a preocupação com a segurança de dados pessoais. O Banco Central tem anunciado medidas para reforçar a segurança e evitar novos ataques, mas a complexidade do esquema revela uma lacuna na proteção contra crimes cibernéticos de grande escala.
Para evitar se tornar uma vítima, é fundamental estar atento a sinais de fraude e utilizar ferramentas de proteção digital, além de acompanhar regularmente as movimentações bancárias. Segundo dados do próprio Banco Central, ações de combate a fraudes online já passam por aprimoramento, mas casos como o de Vanessa reforçam a importância da vigilância constante.