Brasil, 29 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Justiça do trabalho reconhece racismo religioso em demissão de gari umbandista no DF

A Justiça do Trabalho condenou a Valor Ambiental por demissão discriminatória de um gari, vítima de racismo religioso.

A recente decisão da Justiça do Trabalho trouxe à tona a importância de se enfrentar o racismo religioso em contextos profissionais, especialmente em um país tão diverso quanto o Brasil. O caso de Genilson Santos Araújo, um gari umbandista de 40 anos, ganhou destaque após a confirmação de sua demissão discriminatória pela Justiça do Trabalho, em segunda instância. O Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10) considerou que a Valor Ambiental não apenas ignorou denúncias de racismo, mas também demitiu Genilson em retaliação a suas queixas.

A denúncia de racismo religioso no ambiente de trabalho

Genilson, conhecido dentro da religião como Pai Genilson de Ogum, alegou que sofreu comentários preconceituosos devido a seus costumes e símbolos religiosos. Desde o início de seu trabalho na Valor Ambiental, Genilson enfrentou discriminação devido a suas guias espirituais e à pintura das unhas de preto, elementos que fazem parte de sua prática religiosa. “Eu já vinha aguentando isso há muito tempo calado, porque precisava do meu emprego. Chegou em um ponto que eu não aguentava mais”, relatou o gari, expressando seu sofrimento e a pressão que sentiu ao denunciar a situação.

Consequências da demissão

Após sua reclamação, Genilson foi colocado em serviços mais pesados e distantes, além de ser alvo de piadas e insinuações. Sua situação se agravou ao ponto de que um mês depois de denunciar o preconceito, ele foi demitido. A empresa alegou que a demissão ocorreu por “baixa performance” e uma reestruturação, mas o advogado de Genilson, Hugo Leonardo de Rodrigues e Sousa, contestou essa justificativa, afirmando que não havia histórico de mau desempenho e que as razões apresentadas foram documentadas apenas após o desligamento.

Decisão da Justiça e consequências para a empresa

O TRT-10 determinou que a Valor Ambiental pagasse uma indenização de seis salários ao trabalhador, além de R$ 15 mil em danos morais — um valor três vezes maior do que o estipulado na primeira instância. O desembargador Pedro Luís Vicentin Foltran, relator do caso, destacou que a omissão da empresa diante de atos de racismo religioso constituía uma violação da dignidade do trabalhador, implicando na responsabilidade civil da empresa. Em seu voto, ele enfatizou a necessidade de entender o racismo religioso dentro do contexto histórico e estrutural do Brasil, sugerindo que a violência verbal também é uma forma de violência que não pode ser ignorada.

A luta contínua contra a discriminação

Esse processo judicial é considerado um marco no combate à discriminação religiosa e pode servir de precedência para outros casos semelhantes. O advogado Hugo Leonardo de Rodrigues e Sousa elogiou a decisão, afirmando que ela representa um avanço no tratamento de questões de perseguições religiosas dentro da Justiça do Trabalho. “O caso é extremamente relevante, não só para as perseguições de cunho religioso, mas em relação a toda prática discriminatória,” afirmou Sousa, ressaltando a importância de uma análise mais cuidadosa e inclusiva das evidências apresentadas.

Reflexões sobre racismo religioso no Brasil

O racismo religioso, que atinge constantemente praticantes de religiões de matriz africana, torna-se um tema crucial a ser debatido na sociedade. O caso de Genilson Santos não é isolado e evidencia o preconceito enraizado que ainda persiste em várias esferas da vida cotidiana. A sociedade precisa avançar na compreensão e respeito à diversidade religiosa, assegurando que práticas discriminatórias sejam reconhecidas e combatidas. Somente assim, poderemos construir ambientes de trabalho mais justos e inclusivos para todos, independentemente de suas crenças ou tradições.

A decisão da Justiça é um passo em direção à equidade e à inclusão, mas a luta contra o racismo religioso no Brasil ainda continua, exigindo vigilância e compromisso de todos para construção de um futuro onde a diversidade seja respeitada e celebrada.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes