Após os 50 anos, muitos brasileiros buscam experiências internacionais com foco na atualização profissional, lazer e fortalecimento de vínculos culturais. O setor de intercâmbio revela um crescimento expressivo nessa faixa etária, impulsionado por uma longevidade mais longa e maior estabilidade financeira.
Um novo perfil de intercambista: os mais de 50 anos
Embora a maioria dos intercambistas ainda seja composta por jovens entre 18 e 29 anos, os profissionais maduros vêm ganhando espaço. Segundo dados da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta), essa faixa etária cresceu de 5,7% em 2022 para 7,5% em 2024, movimentando R$ 5,5 bilhões no último ano, um aumento de 20% em relação ao anterior.
Motivações para estudar no exterior na maturidade
Alexandre Argenta, presidente da Belta, explica que a estabilidade financeira, combinada à maior longevidade, cria o cenário ideal para que pessoas com mais de 50 anos invistam em estudos no exterior. “Hoje a gente vive muito mais. muitos ainda buscam aprimoramento profissional e experiências de vida, mantendo-se ativos”, afirma.
O interesse não se limita apenas a idiomas. Cursos nas áreas de negócios, tecnologia e até inteligência artificial voltada ao agronegócio também despertam atenção dos mais experientes. Christina Bicalho, vice-presidente da Student Travel Bureau (STB), destaca que esses intercâmbios oferecem mais do que aprendizado; são oportunidades de networking e de desenvolvimento de novas habilidades.
Experiências reais de quem decidiu se reinventar
Flávia Ungarelli, advogada e professora universitária de 53 anos, realizou recentemente um curso de inglês corporativo na Universidade de Albany, em Nova York. Ela conta que o sonho de estudar fora foi adiado por dificuldades financeiras na juventude, mas que hoje encontra na experiência uma forma de reinvenção profissional e pessoal. “É um período em que você se dedica e investe em si mesmo, e isso é muito rico”, afirma.
Outro exemplo é Elton Lima, coordenador de Novos Negócios, que fez um curso de gestão executiva na Universidade de La Verne, na Califórnia, após anos planejando. Aos 50 anos, ele afirma que a experiência trouxe avanços na carreira e acredita que ainda fará um MBA completo nos EUA. “O intercâmbio abriu meu leque de possibilidades profissionais”, reforça.
Perspectivas e o mercado de intercâmbio para seniors
Especialistas como Morris Litvak, fundador da consultoria Maturi, enfatizam que o mercado de viagens para quem tem mais de 50 anos cresce de forma consistente. “Profissionais retornam com projetos, ampliam seu portfólio e se reposicionam no mercado de trabalho”, explica. Segundo ele, o setor de viagens educacionais para esse público se tornou um nicho altamente atrativo para agências, que oferecem programas que combinam turismo, idiomas e atividades culturais, especialmente para mulheres na faixa dos 55 a 60 anos.
A diretora Roberta Gutfchow, da agência Roda Mundo, observa que programas que misturam aulas de idiomas, gastronomia e passeios turísticos têm atraído cada vez mais mulheres aposentadas. Rosangela Agnoletto, uma das participantes mais experientes, com 62 anos, relata que seus intercâmbios, incluindo uma imersão na Itália de cerca de 70 dias, foram essenciais para seu crescimento pessoal. “Sai do lugar de turista para uma experiência de imersão, criei vínculos com pessoas que nunca imaginei”, celebra.
Rosangela acrescenta que, apesar de algumas críticas que recebe por continuar estudando e viajando na idade avançada, acredita que essa busca por conhecimento é fundamental para a sua qualidade de vida. “O intercâmbio me deu independência e a chance de me reinventar, além de criar vínculos afetivos e culturais”, conclui.
Mais informações sobre essa tendência de intercâmbios para quem passa dos 50 anos podem ser conferidas no interessante artigo do Globo.