Em meio a um cenário de mudanças no futebol brasileiro, o Flamengo se destaca como a maior torcida do país, consolidando sua liderança na preferência dos torcedores. Uma nova pesquisa realizada pelo Ipsos-Ipec, encomendada pelo O GLOBO, revela dados que refletem o atual panorama das torcidas no Brasil. Com a participação de 2.000 brasileiros entre os dias 5 e 9 de junho, a pesquisa foi realizada em 132 municípios de todas as regiões e oferece um olhar abrangente sobre o fanatismo e a relação dos torcedores com seus clubes e a seleção brasileira.
A metodologia da pesquisa
A pesquisa começou com a pergunta clássica: “Você torce ou tem simpatia por qual time brasileiro? E por mais algum?”. Usando uma metodologia semelhante à pesquisa anterior de 2022, os entrevistados puderam citar até dois clubes espontaneamente. Este formato levou em conta corações “divididos”, contabilizando ambas as preferências. Os resultados mostraram a permanência do Flamengo no topo, apesar de uma leve oscilação, com a torcida rubro-negra segurando 21,2% da preferência – uma queda em relação aos 21,8% do ano anterior, mas dentro da margem de erro.
Cenário das torcidas: queda dos rivais
Enquanto isso, o Corinthians sofreu uma queda significativa, despencando de 15,5% para 11,9%, um recuo que supera a margem de erro. O São Paulo também experimentou uma diminuição, caindo de 8,2% para 6,4%, e agora está em quarto lugar, sendo ultrapassado pelo Palmeiras, que sofreu uma leve oscilação de 7,4% para 6,5%. As quedas de Corinthians e São Paulo refletem uma mudança no comportamento dos torcedores e o crescente número de brasileiros que afirmam não torcer por nenhum clube.
O que explica a mudança?
Especialistas acreditam que a nova geração de torcedores está menos disposta a aceitar modelos tradicionais de gestão e política nos clubes. De acordo com o comentarista Alexandre Lozetti, o São Paulo, por exemplo, apresenta um retrocesso na forma de administração, contrastando com o crescimento de clubes como Flamengo e Palmeiras, que adotaram gestões mais modernas e profissionais. Essa disparidade pode ser um dos fatores que influenciam a queda nas torcidas dos dois gigantes paulistas.
Aumento do número de torcedores desiludidos
Outra questão que emerge da pesquisa é o aumento da parcela da população que não se identifica com nenhum clube. O cenário indica um afastamento de torcedores mais ocasionais ou desiludidos, especialmente entre os jovens, que têm se mostrado mais inclinados a seguir o futebol internacional. “Até a paciência de torcedores como os corintianos tem limites”, observa o jornalista Celso Unzelte, ressaltando a concorrência com clubes internacionais pela atenção dos torcedores.
Potencial futuro das torcidas
A pesquisa não apenas dimensiona o tamanho das torcidas, mas também promete uma análise mais profunda sobre os hábitos, manias e paixão dos torcedores brasileiros. A próxima fase da pesquisa deverá abordar como os torcedores se relacionam com seus clubes e até suas “traições” por outras equipes, uma abordagem inovadora no estudo do futebol no país. Para finalizar, o impacto da pesquisa sugere que o jogo de paixão e lealdade vai muito além dos campos, envolvendo a vida cotidiana dos torcedores.
Considerações finais
A pesquisa Ipsos-Ipec, realizada entre 5 e 9 de junho de 2025, reafirma a crescente influência do Flamengo no cenário do futebol brasileiro, enquanto alerta para a necessidade de atenção por parte dos clubes que permanecem caindo em popularidade. Com um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais, os dados apresentados são um indicativo claro de que o universo do torcedor brasileiro está em constante transformação e requer novas abordagens para engajamento.
O fenômeno das torcidas no Brasil vai muito além dos números. É um reflexo da sociedade e das mudanças de comportamento que atravessam a cultura esportiva do país.