Nesta segunda-feira (28), os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram um acordo que estabelece uma tarifa básica de 15% sobre bens europeus, redução dos 30% ameaçados recentemente. Em troca, a UE compromete-se a aumentar investimentos nos EUA e realizar compras massivas de energia e equipamentos militares, buscando aliviar a tensão comercial entre as duas potências.
Detalhes do acordo tarifário e seus impactos
O entendimento aponta para uma diminuição das tarifas, além de prever investimentos europeus de cerca de US$ 750 bilhões em energia e US$ 600 bilhões em tecnologia e defesa dos EUA. “Foi o melhor consenso que conseguimos”, declarou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ao comentar o pacto, que traz uma trégua temporária às hostilidades comerciais.
Segundo análise de especialistas, fechar o acordo antes do prazo de 1º de agosto, de forma considerada “administrável” por grandes corporações, ajuda a reduzir incertezas no mercado. O Barclays estima que essa redução tarifária possa evitar perdas de até 1,2% no PIB da zona do euro, com um impacto inicial de cerca de 0,4%.
Avaliação das variantes políticas e econômicas do acordo
Apesar dos avanços, há dúvidas sobre a real profundidade do entendimento. A combinação do aumento do euro, que valorizou 13% frente ao dólar neste ano, com a tarifa de 15%, gera uma perda de competitividade para o mercado europeu, que pouco veio a ganhar em contraparte, avalia analistas.
Autoridades europeias também demonstram cautela, considerando a possibilidade de retaliações por parte de países como Canadá ou empresas de tecnologia americanas, como Amazon. “A União Europeia está preparada para um cenário extremo”, declarou uma fonte anônima, indicando que ações retaliatórias ainda podem ocorrer.
Dependência dos EUA e divergências internas na UE
Trump afirmou que a UE prometeu comprar US$ 750 bilhões em energia dos Estados Unidos, além de adquirir “enormes” quantidades de armas americanas. Essa dependência de segurança, que favorece o governo Trump na negociação, contrasta com o apelo de líderes europeus por mais autonomia.
Enquanto alguns, como o presidente francês Emmanuel Macron, defendem uma postura mais firme e independente, outros, como o chanceler alemão Friedrich Merz, preferem evitar uma guerra comercial, principalmente diante da fragilidade da indústria automobilística germânica.
Especialistas destacam que, apesar da aparente acomodação, o acordo revela a fragilidade da união política e econômica na Europa, que continua a equilibrar interesses divergentes em meio às pressões externas e internas.
Perspectivas e riscos futuros
O momento, embora traga alívio imediato para os mercados, apresenta riscos. Uma análise da Bloomberg Economics indica que o impacto total das tarifas poderia chegar a 0,7% do PIB da zona do euro, caso surjam novas surpresas ou retaliações.
Além disso, o futuro das estratégias empresariais permanece incerto. Algumas multinacionais, como a LVMH, planejam novas fábricas nos EUA para contornar tarifas, enquanto outras tentam negociar condições específicas de isenção tarifária.
Por fim, fontes indicam que, embora Trump demonstre disposição a firmar acordos, esse momento de concessões pode mascarar uma fase de maior instabilidade, que exige cautela no cenário econômico global e na relação transatlântica.
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