Brasil, 28 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Brasil introduz E30 para reduzir importações e estimular setor de etanol

A partir de 1º de agosto, o Brasil passa a usar gasolina com 30% de etanol, visando diminuir a dependência de combustíveis fósseis e ampliar ganhos ambientais.

Entrando em vigor nesta sexta-feira (1º), a nova mistura de gasolina com 30% de etanol anidro, conhecida como E30, promete impactar positivamente a matriz energética do Brasil. A medida, prevista na Lei do Combustível do Futuro, busca reduzir a dependência externa por combustíveis fósseis, estimular a cadeia do etanol e gerar benefícios ambientais e econômicos.

Impactos na produção e redução de importações de gasolina

O uso do E30 deve diminuir o consumo de gasolina A em até 1,36 bilhão de litros por ano, contribuindo para que o Brasil deixe de ser um importador líquido do combustível. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), aproximadamente 760 milhões de litros anuais deixarão de ser importados, formando um excedente exportável de até 565 milhões de litros.

Dados da consultoria Argus indicam que, já em agosto, deve ocorrer uma redução imediata nas compras externas de gasolina de até 125 mil m³ mensais. No primeiro semestre de 2025, o país importou cerca de 1,04 milhão de m³, uma queda de 12% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Vantagens ambientais e econômicas da medida

Segundo o MME, a adoção do E30 permite substituir parcialmente a gasolina fóssil por etanol, reduzindo a necessidade de importações e o impacto cambial sobre os preços. A medida deve também baixar o custo da gasolina para o consumidor e gerar impacto positivo na inflação, além de estimular o consumo de etanol, reduzir emissões no setor de transporte e ampliar investimentos na cadeia produtiva da cana-de-açúcar e do bioetanol.

O aumento na mistura de etanol foi autorizado após testes coordenados pelo MME e conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia, que comprovaram a viabilidade técnica para veículos e motos movidos exclusivamente a gasolina. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) avaliou positivamente os resultados, garantindo que os testes não apontaram impactos negativos na durabilidade ou desempenho dos motores, desde que cumpridas as especificações de qualidade.

Perspectivas futuras para o setor de etanol

Com o aumento da mistura, a expectativa do governo é de um aumento de até 1,46 bilhão de litros no consumo de etanol anidro, cujo setor já está preparado para atender. Segundo Hugo Cagno Filho, presidente da União Nacional da Bioenergia (UDOP), a maior demanda deve ser suprida principalmente pela produção de etanol de milho e pelo ajuste na produção de usinas de cana-de-açúcar, sem necessidade de ampliação de canaviais.

Especialistas destacam que o setor vem se preparando desde 2024 para essa transição, com capacidade instalada suficiente para atender ao incremento na demanda por etanol, de aproximadamente 800 a 900 milhões de litros nesta safra. Ainda assim, a transição pode gerar volatilidade de mercado no curto prazo, especialmente no preço do etanol hidratado, devido ao atrasado ciclo agrícola e condições climáticas adversas.

Próximos passos e desafios

O setor pede cautela na ampliação da mistura para 35%, recomendando a realização de novos testes técnicos para garantir a segurança e compatibilidade com veículos atuais e ainda em desenvolvimento. O governo já prevê a publicação de uma medida provisória para detalhar as regras do E30, com previsão de início do programa no segundo semestre de 2025.

Segundo Luciano Rodrigues, da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o setor está pronto para atender a um consumo adicional de cerca de 1,5 bilhão de litros por ano, considerando a capacidade instalada para produção de etanol de cana e milho, além de futuras expansões. Assim, o Brasil caminha para uma matriz de combustíveis mais sustentável, com maior self-sufficiency e menor impacto no bolso do consumidor.

Fonte: O Globo

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes