No último domingo (27/7), o barco Handala, fretado pelo movimento pró-palestino “Flotilha da Liberdade”, chegou ao porto de Ashdod, em Israel. A embarcação foi interceptada na noite anterior, pelo exército israelense, enquanto se dirigia à Faixa de Gaza com ajuda humanitária destinada à população palestina, conforme relatou um jornalista da AFP em Ashdod.
Detenção dos ativistas a bordo
A organização “Flotilha da Liberdade” comunicou que, no momento da interceptação, os 19 ativistas e dois jornalistas internacionais que estavam a bordo foram detidos pelas autoridades israelenses. Dentre os militantes, oriundos de dez países, estavam duas parlamentares do partido francês La France Insoumise: a eurodeputada Emma Fourreau e a deputada Gabrielle Cathala.
“Após 12 horas no mar, e devido à interceptação ilegal do Handala, as autoridades israelenses confirmaram a chegada da embarcação ao porto de Ashdod”, informou a ONG israelense Adalah, que se especializou no fornecimento de assistência jurídica. A organização enviou advogados ao porto e solicitou acesso aos passageiros do barco, mas não obteve sucesso.
A Adalah relatou ainda que, apesar de pedidos reiterados, as autoridades israelenses negaram aos advogados o acesso aos militantes detidos, impedindo assim a prestação de assistência jurídica. “A Adalah reafirma que os militantes a bordo do Handala participavam de uma missão civil pacífica com o objetivo de romper o bloqueio ilegal imposto por Israel à Gaza, e sua detenção constitui uma violação clara do direito internacional”, acrescentou a ONG.
Detalhes sobre a interceptação
O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou na manhã de domingo que a marinha interceptou o Handala com a intenção de evitar a entrada do barco em águas próximas à Faixa de Gaza. “A embarcação segue em segurança rumo à costa israelense. Todos os passageiros estão a salvo”, declarou o ministério.
No dia anterior à interceptação, uma transmissão ao vivo realizada pelos ativistas a bordo do Handala mostrava soldados israelenses subindo no navio. Um sistema de rastreamento online indicava que a embarcação estava em águas internacionais, a oeste de Gaza, no momento da abordagem. Antes de serem detidos, os tripulantes do barco haviam informado, através da rede X, que iniciariam uma greve de fome caso fossem interceptados.
“Os capangas de Netanyahu abordaram o Handala. Eles atacam 21 pessoas desarmadas em águas internacionais, onde não têm nenhum direito, um sequestro do qual duas parlamentares francesas são vítimas”, declarou Jean-Luc Mélenchon, líder do partido francês de esquerda radical, sugerindo que o governo francês deveria agir.
Histórico de intervenções
O Handala partiu do porto de Gallipoli, no sul da Itália, em 13 de julho, com a missão de romper o bloqueio naval israelense à Faixa de Gaza. O barco, um antigo pesqueiro norueguês, transportava materiais médicos e alimentos a uma população que enfrenta uma grave crise humanitária, exacerbada por mais de 21 meses de conflito armado.
A expedição foi realizada com recursos levantados por campanhas de doação em apoio à população da Faixa de Gaza. Este evento marca a segunda interceptação de um barco da organização, pois o Madleen, o primeiro do mesmo movimento, já havia sido detido pela marinha israelense em águas internacionais no dia 9 de junho. Entre os detidos naquela ocasião estavam a ativista sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, que foram eventualmente expulsos por Israel.
Desenvolvimentos recentes
A interceptação do Handala ocorreu poucas horas antes do anúncio por parte de Israel de uma “pausa tática” nos combates, permitindo a entrada dos primeiros caminhões de ajuda humanitária em Gaza em meses. O governo israelense, sob pressão internacional, também reiniciou os lançamentos aéreos de alimentos para a população palestina do território, em um esforço para aliviar a crise humanitária que se intensificou nos últimos meses.
Enquanto a situação se desenvolve, a comunidade internacional continua a observar com preocupação as implicações jurídicas e humanitárias das ações de Israel e as suas consequências para os ativistas e a população da Faixa de Gaza.