Brasil, 28 de julho de 2025
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As A Brit, Here’s Why Ellen DeGeneres’s Comments About Moving To The UK Make Me a Little Uneasy

Ellen DeGeneres celebra a vida na Inglaterra, mas questionamentos sobre a realidade do país e seu impacto na comunidade LGBTQ+ surgem

Recentemente, Ellen DeGeneres expressou entusiasmo ao falar sobre sua mudança para os arredores de Cheltenham, na Inglaterra, admitindo que a decisão foi influenciada pela presidência de Donald Trump. Como britânico, essa postura me provoca uma sensação de inquietação, devido às complexidades sociais e políticas atuais do Reino Unido, que muitas vezes são mascaradas por uma narrativa de “vida melhor”.

Nos bastidores da mudança de Ellen

A comediante e apresentadora anunciou, após o fim do seu programa de televisão, que se mudou para a Cotswolds, um local de beleza natural exuberante. Em entrevista ao BBC, Ellen revelou que comprou a casa em novembro de 2024, no clima de esperança após a eleição presidencial nos EUA. “Estamos amando aqui, é um lugar mágico”, afirmou ela. Além disso, enfatizou as qualidades do país, como o tratamento aos animais, a polidez das pessoas e a arquitetura charmosa.

Ela também destacou questões relacionadas às suas prioridades pessoais e políticas, mencionando que poderia se casar aqui caso os direitos LGBTQ+ fossem prejudicados nos Estados Unidos: “Se o governo tentar cancelar o casamento gay, iremos fazer isso aqui mesmo”.

O lado mais obscuro do Reino Unido

Entretanto, como britânico, tenho que alertar que a visão de Ellen sobre a Inglaterra é, em grande parte, uma versão idealizada que não reflete a realidade de muitas comunidades no país. Segundo o relatório da ILGA-Europe, o Reino Unido atualmente ocupa a segunda pior posição na Europa em direitos LGBTQ+ — especialmente em reconhecimento de identidade de gênero, que apresenta avanços limitados e muitos obstáculos legais, como a recente decisão da Suprema Corte britânica que invalidou o reconhecimento legal de mulheres trans.

Problemas sociais e xenofobia

Além disso, o aumento do sentimento anti-imigração tem levado a protestos violentos e episódios de racismo abertamente manifestados. Nas últimas semanas, houve manifestações consideradas agressivas, com relatos de protestos com atos de violência e discursos de ódio, com demonstrações públicas de xenofobia. Um recente white paper do governo também propõe cortes na imigração, criando um clima de incerteza que lembra épocas de tensão social no país.

O próprio primeiro-ministro, Keir Starmer, chegou a usar uma retórica alarmante ao afirmar que o Reino Unido poderia se tornar uma “ilha de estranhos”, uma frase que remete a discursos históricos de temor ao “outro”. Embora posteriormente tenha se desculpado, o episódio sinaliza as dificuldades sociais que ainda permeiam a estrutura britânica.

Reflexões para quem admira uma vida “ideal” na Inglaterra

Por mais que Ellen esteja desfrutando de dias tranquilos na zona rural inglesa, é importante reconhecer que o país enfrenta seus próprios desafios — incluindo uma classificação considerada ruim para os direitos LGBTQ+ na Europa e uma crescente nostalgia por uma sociedade mais segregada e excludente.

As experiências de celebridades, embora inspiradoras, não representam a totalidade da realidade local. Assim, é prudente enxergar com cautela qualquer narrativa de que “estar melhor” em outro país seja uma solução definitiva, especialmente em um momento onde o conservadorismo e o racismo tentam reforçar suas raízes.

Para refletirmos, também, que a “vida melhor” muitas vezes depende de uma análise crítica das condições locais, e não de um lugar perfeito, mas de um ambiente que seja mais justo e acolhedor para todos.

Leia mais sobre as declarações de Ellen DeGeneres aqui. Este texto é uma opinião pessoal do autor e visa promover uma reflexão sobre os discursos simplificados acerca de migração e estilo de vida em outros países.

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