No recente livro “Fé, esperança e caridade – as três graças do Cristianismo”, o cardeal Raniero Cantalamessa apresenta uma análise profunda e acessível das virtudes teologais fundamentais à vida cristã. Com uma escrita fluida e embasada na tradição bíblica, Cantalamessa destaca a importância da fé, da esperança e da caridade como pilares que sustentam o relacionamento do ser humano com Deus.
A importância das virtudes teologais
As virtudes teologais são conceitos centrais no Cristianismo. De acordo com Cantalamessa, a fé nos orienta na nossa relação com Deus, a esperança nos fortalece nas adversidades e a caridade é a manifestação do amor divino em nossas ações diárias. O livro se propõe a ser uma verdadeira educação espiritual, convidando os leitores a vivenciar o Evangelho de forma autêntica, transformando não só a própria vida, mas também a sociedade ao seu redor.
O Pe. Gerson Schmidt, inspirado pela obra do cardeal, apresenta a reflexão “A Esperança dá sentido à realidade presente”. Ele destaca que, em tempos de desânimo e incerteza, a esperança se torna um elemento poderoso que nos encoraja a seguir em frente, mesmo nas dificuldades. É neste contexto que a reflexão se torna pertinente, especialmente durante o Ano Santo Jubilar, quando os cristãos são convidados a reafirmar sua fé.
A esperança na pregação de Jesus
Em sua pregação, Jesus abordou frequentemente a esperança, especialmente em relação à Vida Eterna. Ele afirmou, com convicção, a ressurreição dos mortos, um tema central na fé cristã. Ao responder a uma questão dos saduceus sobre a vida após a morte, Jesus declarou: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos”. Essa afirmação reforça a ideia de que a esperança transcende a vida atual, estendendo-se a um futuro eterno com Deus.
Cantalamessa menciona um relato de um ateu que, ao assistir a um funeral cristão, percebeu a ausência de alegria no anúncio da ressurreição. Essa observação o levou a questionar o quanto a crença na Vida Eterna deveria impactar a vida dos cristãos, sugerindo que se realmente acreditássemos, isso deveria refletir em nosso semblante e em nosso modo de viver.
A esperança como motor propulsor
O conceito de esperança, segundo o cardeal, vai além de um desejo distante; é um verdadeiro motor que transforma a vida presente. A esperança nos ensina a valorizar cada dia, e aqueles que séria e ativamente colocam seu coração na eternidade tendem a viver com mais propósito e compromisso. Cantalamessa observa que a esperança é como uma das irmãs que caminham de mãos dadas com fé e caridade, sendo fundamental para que as outras virtudes possam se concretizar em ações.
Reflexão sobre a virtude da esperança
Em seu livro, Cantalamessa descreve como as virtudes são consideradas de maneira única por poetas e teólogos. Ele usa a narrativa de um diálogo entre um pároco e uma criança sobre o significado das virtudes teologais para enfatizar que a esperança é uma força sobrenatural que nos permite confiar em Deus hoje e esperar pela glória eterna amanhã. Essa esperança é, portanto, um dos maiores presentes que um crente pode cultivar e oferecer aos outros.
Ao discutir a gravidade do desespero, Cantalamessa cita São Tomás de Aquino, que considera a desesperança como o pecado mais sério de todos, ressaltando a importância de manter viva a chama da esperança em nossas vidas. Ele escreve: “Se a esperança parar, tudo para!” Esse pensamento ecoa de maneira poderosa na reflexão pastoral, chamando todos nós a uma vida de fé vibrante e esperançosa.
Conclusão
A mensagem de Cantalamessa sobre fé, esperança e caridade é um convite a uma vivência mais profunda e comprometida dentro da espiritualidade cristã. Num mundo repleto de incertezas, a esperança nos oferece uma certeza e nos motiva a transformar não apenas nossas vidas, mas também a sociedade ao entorno, lembrando sempre que, para o cristão, o olhar deve estar sempre voltado para a Eternidade.
Pe. Gerson Schmidt é um fervoroso defensor das virtudes teologais e suas implicações na vida cotidiana, e seu trabalho nos inspira a abraçar a esperança em cada dia que vivemos.