O jornal O Globo completa 100 anos nesta semana, marcada por conjunturas políticas e econômicas turbulentas. Desde 1925, a publicação acompanha a evolução do Brasil, enfrentando crises, rupturas e grandes mudanças sociais. Com uma população que aumentou em mais de 66 milhões de habitantes nesse período, o jornal tem sido um espelho das transformações do país, buscando refletir o presente e pensar o futuro.
Um século de histórias e coberturas
Ao longo de sua trajetória, o Globo documentou momentos decisivos como a crise política de 1925, o nascimento da ditadura, o regime militar, a redemocratização e os debates atuais sobre democracia e autoritarismo. Uma exposição no Centro Cultural Correios revive 100 anos de história por meio de imagens marcantes, incluindo registros de pioneiros da fotografia brasileira, como Augusto Malta, Guilherme Santos, J. Pinto e Carlos Bippus. Essas imagens oferecem um retrato visual das mudanças na cidade e no Brasil.
O nascimento do jornal no contexto de ebulição
Fundado em 1925, em um ano de crise política, o jornal surgiu em uma época de contradições e instabilidade, durante o final da República Velha, episódio classificado pelo embaixador Rubens Ricupero como uma fase de “agonía e crepúsculo” dessa fase da história brasileira. A partir de então, o Globo acompanhou as transformações do país, moldando a narrativa dos acontecimentos sob o olhar de uma imprensa em constante adaptação às rupturas sociais e políticas.
Transformações econômicas e sociais
Quando comecei a colaborar com o jornal em 1991, o Brasil vivia os efeitos do Plano Collor, com forte queda do PIB, inflação recorde de 473% ao fim do ano e uma economia tentanto sair da recessão. A trajetória de estabilização avançou com a implantação do Plano Real em 1994, que inaugurou uma nova era de controle inflacionário e crescimento sustentável. Hoje, o país reflete essa caminhada em indicadores como o IPCA-15, que em julho de 2025 teve alta de 0,33%, uma inflação considerada baixa comparada ao passado.
Ainda assim, o país enfrenta desafios estruturais, como déficit fiscal, dívida pública, desigualdade social e a necessidade de conciliar crescimento econômico com proteção ambiental. Problemas que persistem ao longo do tempo, mas que também revelam avanços no combate à hiperinflação e na institucionalidade democrática. O processo de redemocratização, marcado por eventos como a promulgação da Constituição de 1988, enfrentou momentos de turbulência, inclusive com tentativas de golpe e o resgate de figuras autoritárias em diferentes governos.
Conflitos e debates atuais
Na atualidade, o Brasil assiste a episódios preocupantes, como declarações de militares de alta patente que insinuaram pensar em ações extremas contra autoridades do Supremo Tribunal Federal. O caso gerou enorme repercussão e reacendeu debates sobre o respeito às instituições democráticas. A ação penal que investiga essas manifestações reforça a importância de manter o foco na defesa do estado de direito.
Celebrando a memória e olhando para o futuro
Desde 1925, o Globo tem sido palco de uma história de resistência, inovação e reflexão. Com exposições, eventos culturais e um fluxo contínuo de informações, o jornal busca manter sua relevância em um mundo cada vez mais digital, onde a participação do público é fundamental para a construção do diálogo democrático. Como afirmou recentemente uma das organizações culturais da cidade, a travessia do tempo depende, acima de tudo, da companhia dos leitores e do compromisso com a transparência e a ética.
Para compreender essa trajetória, uma exposição na Casa Roberto Marinho apresenta imagens que retratam momentos marcantes do século passado, incluindo registros da Cinelândia em 1925, a demolição do Morro do Castelo, a visita de Albert Einstein ao Instituto Oswaldo Cruz e cenas do Rio de Janeiro em diferentes épocas. Essas peças ajudam a contextualizar o papel do jornal na formação da memória coletiva brasileira.
Num cenário de tensões políticas, econômicas e sociais, o grande desafio do jornalismo hoje é manter a imparcialidade, fortalecer a democracia e acompanhar as mudanças tecnológicas, sem perder a essência de informar e refletir sobre o país. Como bem lembra o editor, o futuro promete emoções, mas também exige responsabilidade e compromisso com a verdade.
Confira a matéria completa e acompanhe as celebrações que unem memória e esperança na história do jornal e do Brasil.
